Conhecida como antiga casa amarela e datada de 1908, a edificação que ocupa o número 66 da rua Bernardo Ramos, no Centro, zona Sul, recebe da Prefeitura de Manaus as primeiras ações para obras de reforma e restauro dentro do programa “Nosso Centro”, lançado pelo prefeito David Almeida.
Depois de receber uma ampla limpeza, já que o imóvel estava abandonado, em visita técnica à edificação, equipe do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), autor do projeto, fez pontuações para dirimir qualquer dúvida em relação ao desenho arquitetônico do futuro casarão Thiago de Mello. Ao longo dos anos, a casa recebeu acréscimos na construção original, que serão removidos.
“Haverá demolição para deixar a edificação como era originalmente. No ambiente, também discutimos detalhes sobre a restauração e reconstituição de materiais. Tem uma área do piso que está totalmente comprometida, assim como parte do forro que foi tomado por infiltrações em razão do abandono e do estado deteriorado”, explicou o diretor de Planejamento Urbano, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro.
Classificada como uma unidade de interesse de preservação de segundo grau, de acordo com Decreto 7.176/2004, o imóvel tem uma escada toda em madeira que será restaurada. A casa já chegou a abrigar o depósito da firma Sinfrônio & Companhia.
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O uso proposto para a edificação será destinado a um casarão que conserva, difunde e expõe as obras do poeta, jornalista e tradutor brasileiro Thiago de Mello. Será destinado para preservação e história, além de proporcionar um ambiente para exibição dos exemplares e acervo.
O acesso principal se dá pela Bernardo Ramos, mas ela faz fundo com o início da avenida 7 de Setembro, tendo uma altura máxima de 10,37 metros. A intervenção consiste em manter a estrutura dos pavimentos, quanto aos gabaritos, e a área de construção não terá adição, apenas demolição do anexo não original.
Quanto aos pavimentos, foram divididos para atender a necessidade do programa proposto, a fim de deixar agradável, seguro, moderno e acessível com elevador para circulação vertical. O pavimento térreo contará com acesso principal, banheiros e espaço destinado a um café e um grande salão de exposição, com área de 176,48 metros quadrados.
Quanto ao pavimento superior, conta com cinco salas, destinadas à biblioteca, administração, duas salas multiuso e a uma reprodução do quarto Thiago de Mello, com área total de 176,48 metros quadrados.
Conforme o memorial descritivo apresentado pelo Implurb, o telhado original será restaurado. O restauro da pintura deve ocorrer de acordo com os padrões originais da edificação, sendo as cores nas fachadas escolhidas em conformidade com o manual de pintura para o centro histórico.
A rua
A rua Bernardo Ramos é uma das ruas mais antigas de Manaus, criada em 1923, na chamada ilha de São Vicente, junto à construção do Forte de São José da Barra do Rio Negro. Ela data do início do processo de urbanização da capital, contendo calçadas largas de passeio com grande parte das casas originais da época. O piso continua revestido de pedra tipo arenito Manaós, depois de ter tido camadas do asfalto retiradas.
Sobre as calçadas, os casarões lembram como eram as habitações de um século distante, mas ainda representado nas obras do período colonial. Algumas delas recém-restauradas, como as de número 69 e 77, consideradas as mais antigas residências da cidade, receberam um processo cuidadoso de reparação e, hoje, abrigam o Centro Cultural Óscar Ramos, valorizando o centro histórico sem descaracterizar o que foi feito no passado.
O imóvel faz parte de um conjunto arquitetônico de grande relevância para a cidade, em razão da sua localização na rua Bernardo Ramos, uma das vias mais antigas de Manaus. Localiza-se em área de tombamento federal, na vizinhança de outros edifícios históricos como o casarão de São Vicente, Centro Cultural Óscar Ramos, Museu da Cidade de Manaus, praça Dom Pedro II, Casarão da Inovação Cassina, Palácio Rio Branco, dentre outros.