Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (29), mostram que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 7,6% nos três meses até janeiro. A expectativa por parte do mercado, segundo pesquisa da Reuters, era de que a taxa ficaria em 7,8% no período.
Com o resultado, o desemprego no Brasil é o mais baixo desde 2015, quando o índice registrado foi de 7,5%.
Na comparação com o mesmo período de 2023, a taxa de desocupação recuou 0,7 ponto percentual. Sendo assim, o desemprego no país chegou a 8,3 milhões, mantendo um resultado estável na comparação trimestral e recuando 7,8% (menos 703 mil pessoas) no ano.
O instituto explica que a estabilidade da taxa e do contingente de desocupados na comparação trimestral pode ser explicada pela sazonalidade do mercado de trabalho, com a desocupação se reduzindo no final do ano e aumentando nos primeiros meses do ano seguinte.
Para a coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, “Há uma tendência sazonal. Em alguns anos, essa sazonalidade pode ser maior, ou menor. Nessa entrada do ano de 2024, o que a gente percebe é uma estabilidade, justamente porque a população desocupada não teve expansão tão significativa nesse trimestre encerrado em janeiro de 2024”.
Com relação à ocupação, a população ocupada do país chegou a 100,6 milhões de trabalhadores, com altas de 0,4% (ou mais 387 mil pessoas) frente ao último trimestre móvel comparável e de 2,0% (ou mais 1,957 milhão de pessoas) no ano.
Rendimento cresce
O IBGE informou que o rendimento médio real habitual dos trabalhadores chegou a R$ 3.078 no trimestre móvel encerrado em janeiro de 2024, com a alta de 1,6% no trimestre e de 3,8% no ano, já descontados os efeitos da inflação nesses períodos.
O aumento na comparação trimestral foi puxado pelas altas no rendimento da Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,2%, ou mais R$ 94) e Serviços domésticos (2,5%, ou mais R$ 28).
Beringuy observa que a alta do rendimento médio habitual da população ocupada nesse trimestre móvel “foi impulsionada pelo setor público formal. No setor privado, o aumento do rendimento foi nas categorias dos trabalhadores sem carteira e dos empregados domésticos sem carteira, segmentos mais informais”.
Na comparação anual, houve alta no rendimento da Indústria (5,3%, ou mais R$ 152), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (5,2%, ou mais R$ 125), Transporte, armazenagem e correio (5,0%, ou mais R$ 140), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,2%, ou mais R$ 133) e Serviços domésticos (2,8%, ou mais R$ 32).
Além disso, como o rendimento médio e o número de trabalhadores continuaram a crescer, a massa de rendimento subiu 2,1% frente ao trimestre anterior e 6,0% na comparação anual, chegando a R$ 305,1 bilhões, novo recorde da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
Segmentos em destaque
O IBGE informou que os grupamentos de atividade que puxaram a alta na comparação trimestral foram Transporte, armazenagem e correio (4,5%, ou mais 247 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (1,9%, ou mais 241 mil pessoas) e Outros serviços (3,1%, ou mais 164 mil pessoas).
Frente ao mesmo trimestre móvel de 2023, os três grupamentos em alta foram Transporte, armazenagem e correio (7,5%, ou mais 404 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (6,6%, ou mais 788 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,4%, ou mais 591 mil pessoas).
Já a ocupação no grupamento da Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura recuou nas duas comparações: -6,0% (ou menos 503 mil pessoas) frente ao último trimestre móvel comparável e -6,9% (ou menos 582 mil pessoas) ante o mesmo trimestre móvel de 2023.
Segundo a analista da PNAD Contínua, os grupamentos de atividades dos Transportes, Armazenagem e Correio, o setor de Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas e, ainda, o setor de Outros serviços, contribuíram para o aumento da população ocupada.
O número de empregados com carteira de trabalho no setor privado chegou a 38,0 milhões, com alta de 0,9% (ou mais 335 mil trabalhadores com carteira assinada) no trimestre e de 3,1% (ou mais 1,1 milhão) no ano.
Para Adriana Beringuy, a alta na ocupação de alguns grupamentos de atividade influenciou, também, a alta do emprego com carteira assinada, “inclusive nos transportes, armazenagem e correio, onde as ocupações com e sem carteira cresceram e, ainda, nas atividades profissionais administrativas”.
Já o número de empregados sem carteira no setor privado (13,4 milhões) ficou estável no trimestre e cresceu 2,6% (mais 335 mil pessoas) no ano. Aliás, a estabilidade em ambas as comparações se destacou para trabalhadores por conta própria (25,6 milhões de pessoas), trabalhadores domésticos (5,9 milhões de pessoas) e o empregadores (4,2 milhões de pessoas).