Anunciado nesta segunda-feira (18), pela Stone, empresa de credenciamento de cartões, junto à Development Finance Corporation (DFC), agência do governo dos EUA encarregada de promover investimento privado em países em desenvolvimento, o financiamento de US$ 467,5 milhões (Cerca de R$ 2,3 milhões), destinado para operações de antecipação de recebíveis de micro, pequenos e médios negócios (MPMEs) controlados por mulheres ou com força de trabalho majoritariamente feminina.
Para Diego Salgado, diretor de tesouraria da Stone, a captação está em linha com a estratégia da companhia de expandir suas fontes de financiamento.
“Os depósitos de clientes vão começar a ser utilizados como parte da nossa estratégia de ‘funding’ em um futuro bastante breve, mas hoje a maior parte continua sendo feita através do atacado. Esse é o primeiro passo de uma securitização internacional”, explica.
De acordo com a credenciadora, trata-se da primeira captação lastreada em recebíveis de instituições financeiras não S1 (segmento que engloba os maiores bancos) no país. O diretor acrescenta que a companhia avalia outras transações semelhantes para 2024.
Pelas condições acordadas, a Stone não precisa oferecer taxas menores para o público-alvo, mas, se não estiver sendo competitiva o suficiente, pode ter que oferecer condições mais vantajosas, explica Salgado. “Não existe compromisso explícito de reduzir preços, mas indiretamente isso força a organização a ter olhar especial para esses segmentos de clientes.”
De acordo com ele, os trâmites junto à agência americana duraram mais de um ano. Os recursos já estão disponíveis e a Stone tem seis meses para sacar a linha. Como o financiamento é em dólar, a companhia escolherá o melhor momento para seguir adiante, diz Salgado.
A Stone não deu números exatos, mas projeta beneficiar “centenas de milhares de negócios” com a iniciativa. O projeto envolverá também medidas de educação financeira. “Queremos capacitar e apoiar essa empreendedora e, ao mesmo tempo, gerar recursos acessíveis para giro do negócio e crescimento”, diz Carolina da Costa, diretora de impacto da Stone.
No processo, a credenciadora também se comprometeu com o “2X Challenge”, iniciativa lançada no G7 Summit de 2018 que visa levantar recursos para expandir oportunidades para mulheres.
Ela destaca que os grupos visados têm muita dificuldade para conseguir crédito e que a antecipação de recebíveis é a forma mais barata de acesso a capital de giro. De acordo com dados do Banco Central, as taxas de juros da antecipação das faturas de cartão estavam em 14,4% ao ano em outubro.
Em seu primeiro “Investor Day”, realizado em novembro, a credenciadora abordou a estratégia de diversificação das fontes de financiamento. Também buscou mostrar que, apesar de ter priorizado crescimento ao longo de sua história, vai entregar rentabilidade.
A mensagem foi a de que a Stone não é mais apenas uma companhia de pagamentos e que terá cada vez mais produtos bancários, de crédito e software como diferenciais. De acordo com Pedro Zinner, CEO da companhia desde abril, só a “ponta do iceberg” desse processo pode ser vista até agora. “Nos próximos anos, isso ficará mais claro”, afirmou.
O plano apresentado pela empresa é pautado em três pilares prioritários: crescer no segmento de MPMEs; ampliar o engajamento da br por meio da ampliação da oferta de serviços financeiros e integração com software; e ganhar cada vez mais eficiência operacional para crescer com baixo investimento incremental.