Reconhecidos internacionalmente pelas canções que produziram, os compositores brasileiros Roberto Carlos e Erasmo Carlos (falecido em novembro do ano passado) vão ser homenageados nesta segunda-feira, com o inédito prêmio United Earth Amazônia pela defesa que fizeram do meio ambiente e da Amazônia em suas canções há quase 50 anos, antes de o tema virar moda. Os compositores foram convidados a receber o prêmio há oito meses, quando Erasmo estava bem de saúde. O falecimento do compositor não impediu que a organização mantivesse a homenagem, que será recebida, no caso de Erasmo, por seus familiares. A cerimônia de entrega do prêmio acontecerá em Manaus, no Teatro Amazonas, no próximo dia 27 de fevereiro, com a presença de Roberto e de familiares de Erasmo.
Leonardo Esteves, filho de Erasmo Carlos, receberá o prêmio,“uma satisfação enorme receber esse prêmio, meu pai sempre falou para gente desde pequeno, a importância da preservação, tive acesso aos cadernos que ele fazia as músicas com o Roberto Carlos, era como se fosse um laboratório de todas as situações das situações irregulares, um grito da floresta, antes do assunto virar moda na década de 70, através das músicas como As Baleias, O Progresso, Panorama Ecológico. O Erasmo também tinha musicas que falava da situação da Amazônia, da natureza e estou aqui com muito orgulho representando Erasmo Carlos, um reconhecimento do trabalho que eles fizeram e da abrangência da música”, enfatizou Leonardo.
Segundo Marcus Nobel, descendente do criador do Prêmio Nobel. “A música é o caminho cultural único capaz de unir as pessoas para juntas criarem a cultura da paz, tolerância e sustentabilidade. Nesse sentindo, eu me sinto honrado em premiar nesta primeira edição do United Earth Amazônia os legendários e fantásticos músicos Roberto Carlos e Erasmo Carlos por todo trabalho realizado pela defesa do meio ambiente e do planeta”, afirmou Marcus Nobel, presidente da United Earth, instituição idealizadora do prêmio e descendente da família Nobel, criadora do prêmio reconhecido internacionalmente.
Roberto e Erasmo Carlos alertaram sobre o descaso com o meio ambiente no final da década de 70, quando lançaram a música ´O Progresso´, que se tornou um grande hit na época. A canção retrata na letra a poluição dos mares por manchas de óleo, as mortes das baleias e o desmatamento. “Eu queria não ver tantas nuvens escuras nos ares. Navegar sem achar tantas manchas de óleo nos mares. E as baleias desaparecendo por falta de escrúpulos comerciais. Eu queria ser civilizado como os animais”, diz um trecho da letra.
Na sequência, a dupla compôs outros sucessos em que fazem a defesa do meio ambiente, da fauna e flora, mas foi em 1989 que mostraram ao mundo o desmatamento crescente da Amazônia. “Sangue verde derramado, o solo manchado”, diz um trecho da canção Amazônia.
“Roberto e Erasmo Carlos usaram o melhor instrumento que dispunham para conscientizar sobre a destruição do meio ambiente – a sua música. Foram os precursores do ativismo ambiental antes mesmo dos grandes nomes. É uma homenagem justa em especial para esses dois grandes músicos”, afirma Sérgio Lopes, sócio-fundador da LCTM Brandbuilders e um dos organizadores do prêmio.