Os vencedores da 19ª edição dos Prêmios Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente vão receber as premiações na próxima sexta-feira (24), 19h30, no Clube do Trabalhador do SESI (Alameda Cosme Ferreira, 7399, São José I). A iniciativa busca reconhecer iniciativas e trajetórias pioneiras à compreensão da Amazônia e desvendar novos caminhos em prol do desenvolvimento sustentável da região. Na ocasião também será comemorado o centenário de nascimento do economista, cientista e empreendedor que faleceu em 2002 aos 79 anos de idade.
Os três melhores projetos agraciados na categoria Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica e Iniciativa de Desenvolvimento Local (IDL) vão receber como premiação R$ 30 mil, cada. Outras categorias homenageadas com certificados são a de Personalidades dedicadas ao Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica, Empresa na Amazônia e Microempreendedores de Sucesso na Amazônia, na subdivisão: Rural e Urbana.
A médica veterinária e pesquisadora, Fernanda Osullivan, da cidade Palmas em Tocantins, é vencedora na categoria Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica com uma iniciativa que visa ao desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para o avanço da piscicultura nativa na Amazônia. Osullivan compartilha que desde que entrou para a Embrapa no final de 2010, para ser pesquisadora na área de reprodução de peixes, começou a procurar com os produtores locais como que poderia auxiliar no desenvolvimento de tecnologias.
“Meus primeiros projetos se voltaram para ver se tinha diferença de crescimento, ganho de peso entre machos e fêmeas, e nós observamos que as fêmeas são mais pesadas que os machos no tambaqui. Então fizemos tecnologias para desenvolvimento de lotes monossexos de tambaqui, ou seja, lotes só de fêmeas que são as mais pesadas. Depois disso, veio a minha segunda área, que estuda tambaquis triploides. Triploides são peixes que têm um conjunto de cromossomos a mais, eles são estéreis e não entram em maturidade, logo crescem mais. Daí o nosso interesse em produzir tambaquis triploides, para que fiquem mais gordos.”, detalha a pesquisadora.
A engenheira de produção e CEO da startup Ver-o-fruto, Ingrid Teles, é a ganhadora na categoria IDL com a proposta de uma nova atividade econômica sustentável em comunidades ribeirinhas próximas a Belém (PA): a produção de telhas provenientes das sementes do açaí. De acordo com Teles, que participa pela segunda vez dos Prêmios, a ideia surgiu de uma inquietação pessoal devido a quantidade de resíduos do fruto desperdiçada.
“Minha proposta então era usar o caroço de açaí de alguma maneira que pudesse ser utilizada de maneira rápida, fácil e de baixo custo. Quando eu fiz essa telha, não precisei de grandes equipamentos, então pensei que daria para as pessoas fazerem também dentro da sua localidade”, relata Teles, que afirma ter realizado todo o processo de descoberta em casa, comprando material, fazendo coletas e conversando com os fornecedores de açaí, sempre com o objetivo de transformação da realidade de pessoas que hoje têm pouco acesso às oportunidades de trabalho.
O biólogo, mestre em sustentabilidade e fundador da empresa Na’kau – Chocolate Amazônico e Na Floresta Alimentos Amazônicos, Artur Coimbra, venceu também na categoria IDL com uma proposta de resgate do cacau amazonense e a valorização e respeito para os extrativistas de cacau selvagem no Amazonas.
O empresário explica que o cacau de várzea, manejado e cultivado em sua forma selvagem por cerca de 26 mil famílias ribeirinhas, é de extrema qualidade, com sabor e características muito especiais. Porém, apesar de todo esse potencial, a cadeia produtiva do cacau nessa região ainda é pouco estruturada e pouco valorizada, sendo que os preços pagos aos agricultores familiares produtores dessa matéria prima da floresta variam abaixo dos 30% do preço do mercado nacional.
“A Na Floresta Alimentos Amazônicos vem sendo desenvolvida desde 2013 para ser mais que um projeto ou uma empresa socioambiental convencional. Pagamos valores justos (120% acima do mercado) aos cacauicultores, proporcionando às suas famílias uma maior satisfação financeira e, consequentemente, redução de seus interesses em extraírem para venda de outros recursos naturais”, pontua Coimbra, que enfatiza que seu objetivo é trabalhar com os caboclos, ribeirinhos e indígenas, para solucionar problemáticas inerentes a todos que habitam na floresta, como a baixa valorização dos bens e serviços da floresta, o respeito para seus povos, a falta de emprego, renda e qualidade de vida, conservação da floresta e da cultura nortista.