A Amazônia dispõe de muitos recursos para amenizar um dos problemas da humanidade no contexto contemporâneo: a fome global. Dados de 2021 apontam que são 828 milhões o número de pessoas afetadas pela insegurança alimentar. Uma estatística que não para de crescer e a confirmar que uma, em cada 10 pessoas, são afetadas pela fome. Este índice aumentou no Brasil há bem pouco tempo quando voltamos ao Mapa da Fome, um indicador controlado pela FAO, Organização criada pelas Nações Unidas para o monitoramento da segurança alimentar e a dinâmica da agricultura. O agravamento se deu justamente desde quando o mundo começou a ser açoitado pela pandemia da covid-19.
Protocolos de segurança
E o que tem a ver a Amazônia com esse cenário adverso? É verdade que temos muitas alternativas para colaborar com a segurança alimentar da Terra, mas essa não é nossa responsabilidade nem nos pediram empenho. Há, entretanto, uma expectativa em relação ao potássio do Amazonas. E todos sabem que a exploração mineral, se não forem respeitados seus protocolos de segurança religiosamente, ou seja, as precauções impostas pelos especialistas, é certeza de tragédia e dor em seus desastres. Memórias recentes não podem ser esquecidas.
Interesse da brasilidade
O Amazonas dispõe da segunda maior reserva mundial de potássio, o ingrediente químico responsável pelo crescimento da agricultura. E por que não explorar este minério se o Brasil importa 85% sua atividade agrícola. O dilema não é explorar ou não explorar essa riqueza. O desafio é assegurar todas as medidas exigidas pelo órgão ambiental, entre outros que regulam essa matéria. Precisamos estar atentos ao interesse maior da brasilidade. E brasilidade significa o bem estar de nossa gente e a sustentabilidade de nosso mode de promover o desenvolvimento. Atendidas essas questões vitais, o Brasil precisa de expandir recursos para atender as demandas de sua população.
Investidores com reputação ilibada
Há uma denúncia por um ex-ministro da Defesa, dizendo que a Amazônia está sitiada e que os inimigos do Brasil estão monitorando o veto à exploração do potássio. Devagar com o andor. A empresa interessada tem origem canadense e conta com parceiros associados da região. São investidores que aqui atuam há mais de dois séculos, de de reputação ilibada e com um portfólio invejável de serviços prestados ao desenvolvimento sustentável da Amazônia. Nenhum deles empenharia seus recursos e a própria reputação em aventuras. A história da Amazônia é testemunha e essas obras fazem parte da paisagem socioeconômica e ambiental do desenvolvimento.
Negociação transparente
Alega-se uma questão indígena, conflitos fundiários, entre outros entraves que padecem de esclarecimentos, nada que não possa ser contornado pelo entendimento transparente e colaborativo. Há interesses, segundo alguns relatos, das próprias etnias em negociação, igualmente transparente e acompanhada de autoridades do setor.
Endosso ministerial
A propósito, e para corroborar na relevância da questão em âmbito do poder federal, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria e Comércio, deixou bem claro seu apoio ao empreendimento, desde que, é claro, todas as medidas regulatórias sejam rigorosamente asseguradas. Para o ministro Alckmin, o Amazonas tem uma oportunidade relevante para expandir seu leque de receitas e empregos e contribuir com as economias que o potássio traria ao país, ou seja, ajudaria o país a reduzir suas importações e fortalecer a economia do agronegócio do Centro-Oeste.
Um mineral essencial
E o que é esse tal potássio e porque ele é tão precioso para a agricultura? Trata-se de um mineral essencial diretamente associado à produção de alimentos. E não há substitutivo para o potássio em sua principal tarefa de fazer crescer as plantas e fortalecer a colheita. Este mineral no metabolismo das plantas, possibilita a fotossíntese, e consegue assegurar a indução da água e seu papel vital para os organismos vivos. De quebra, é um ativo eficiente no combate às pragas, doenças e pestes. Além de ser o mais importante ativador de enzimas, as proteínas que trabalham diretamente nas reações químicas essenciais para o processo metabólico das plantas.
A oportunidade da sustentabilidade
Por fim, além de todos esses argumentos, temos outra oportunidade de ouro: confirmar o paradigma de sustentabilidade que acompanha nosso modo de empreender na Amazônia, tanto no polo industrial como no suporte à Bioeconomia resguardado pela própria indústria, através do programa prioritário da Suframa, o PPBIO, programa prioritário de bioeconomia. De quebra, fica demonstrado que o melhor instrumento de proteção de um bem natural é atribuir-lhe uma finalidade econômica, socialmente justa, politicamente correta, economicamente viável e ambientalmente sustentável, como recomendava nosso saudoso mestre Samuel Benchimol.
Nelson Azevedo
Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica
e de Materiais Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.