O seminário “Amazonas Artes Visuais 2024 – Diversas Naturezas” reúne curadores, artistas, agentes culturais e estudantes da área durante um ciclo de palestras e atividades sobre o cenário local das artes visuais. O evento teve início nesta quinta-feira (10/10), às 9h, no Auditório Coronel Pedro Henrique Cordeiro Júnior, localizado no Palacete Provincial, na Praça Heliodoro Balbi, Centro.
O objetivo desse encontro de artistas, curadores e realizadores na produção de artes visuais, que segue até esta sexta-feira (11/10), é proporcionar conhecimentos e possibilitar interações presenciais, com o indicativo de estreitamento e conhecimentos de vozes e narrativas diversas das Amazônias no mundo.
Entre os destaques do evento, a artista Dyakapiró Dessana Tuyuka apresentou a performance “Noméo Barsésé”, originada em rezas e benzimentos femininos, com participação de um intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras), proporcionando uma rica imersão cultural aos participantes.
A cerimônia inicialmente foi conduzida pelo gestor do Centro de Artes Visuais Galeria do Largo e coordenador do evento, Cristóvão Coutinho, e pelo secretário executivo de Cultura e Economia Criativa, Luiz Carlos Bonates, que destacaram a importância da expressão artística e seu desenvolvimento na cidade de Manaus, dando enfoque sobre a realidade amazonense, no âmbito das artes visuais.
Aprofundamento nas artes visuais
De acordo com o proponente do evento, Cristóvão Coutinho, é necessário mais aprofundamento na expressão artística, como um todo.
“Precisamos ver e expressar as necessidades da cidade e da nossa região, que é tão importante para o mundo. Quanto mais trocamos ideias, conversamos e debatemos sobre esse tema, mais podemos captar essa realidade”, destaca Coutinho.
Segundo o secretário executivo de Cultura e Economia Criativa, Luiz Carlos Bonates, o encontro busca ser um espaço produtivo para a reflexão e o crescimento das artes em Manaus. “Esse é o espaço para encontrar novos caminhos e observar nossas particularidades como criadores de arte e cultura inseridos em um tempo e espaço específicos”, disse.
“O intercâmbio de conhecimento fortalece o cenário das artes em nossa capital e região. É importante não perder de vista nossas especificidades recordais e o contexto da arte e cultura”, salienta o secretário.
O diálogo serviu como um espaço de encontro para todos os interessados no fazer artístico, como estudantes e profissionais da arte e cultura.
Imersão na arte popular
Durante uma das palestras, a artista Amanda Tavares, natural de Minas Gerais, falou sobre sua pesquisa, iniciada em 2018, intitulada “Arte Popular: Modos de Usar”. A temática da pesquisa transita entre o conceito da arte moderna e da arte popular e como esses termos têm sido amplamente debatidos na arte contemporânea.
“A partir de uma noção de que desde o moderno, o Brasil estabeleceu uma relação com a arte popular, é importante a gente historicizar essa relação para entender o status que ela tem hoje, dentro dessa discussão na arte contemporânea”, explica a palestrante, que atua como curadora e pesquisadora em publicações de arte e exposições.
Formada em História da Arte, Tavares busca reexaminar a evolução desse conceito e suas implicações no contexto artístico atual, destacando as problematizações que o cercam, considerando que o sentido do termo “arte popular”, não tem uma definição única, se tornando problemático nesse sentido.
“E quais são as implicações que tem ali? Quem é classificado como artista popular? ”, ressalta a palestrante, afirmando que é um termo vinculado a pessoas que não tiveram formação formal, institucional em campos de atuação de artes, e que são pessoas periféricas e racializadas.
“Então essa é uma discussão muito contemporânea, mas na minha pesquisa eu retomo ela desde a arte moderna para problematizar o conceito, para mostrar como ele se move e como é complexo”, completa Amanda.
Diálogo e educação
Na sequência das apresentações, Luciana Ribeiro, oriunda de Xique-Xique, no Sertão da Bahia, conduziu a palestra “Educação e Arte: entre sertões, caatingas e cerrados”, que abordou as relações cotidianas, sobre sua vida no interior da Bahia, dando enfoque à sua forma de viver em deslocamento a partir da relação de diáspora, mas também de uma forma que a vida sertaneja tem, que é de estar em constante mudança.
Luciana também refletiu sobre a migração sertaneja e seus impactos na formação de novos sertões pelo Brasil, compartilhando legados da trajetória de sua avó, que influenciaram sua visão sobre fé e a fotografia.
“Tenho visitado o quilombo Kalunga e aprendido com eles que a educação vai além do formalismo. É uma educação da vida, que se constroi no dia a dia, respeitando os mais velhos e valorizando a escuta”, afirmou a palestrante. Ela, que atualmente é professora e diretora artística da escola Sertão Negro, enfatizou a importância do território quilombo Kalunga, o maior do Brasil, localizado na Chapada dos Veadeiros, Goiás.
Luciana também se envolve com festas populares em Goiânia, o que tem ampliado sua participação nas iniciativas do Sertão Negro, como o ‘Espaço Marisadas’, uma escola de arte fundada pelo artista visual brasileiro Dalton Paulo, que promove a integração de saberes quilombolas, indígenas, e histórias da cultura afro-brasileira.
Transmissão
O evento também poderá ser acompanhado na íntegra de forma remota pelo Youtube. Para assistir à programação da manhã de quinta-feira (10/10), basta acessar o link https://youtube.com/live/UesbdISLvNE. Para a programação da tarde de quinta, o link é https://youtube.com/live/PBXJE0_vz6c. Quem quiser acompanhar o evento na manhã de sexta-feira (11/10), deve acessar o link https://youtube.com/live/GSYe7Ddfw6M. À tarde, a programação pode ser acompanhada pelo link https://youtube.com/live/2hCl725xi9U.
Programação
Nesta sexta-feira (11/10), o “Seminário de Artes Visuais – Diversas Naturezas” prossegue a partir das 9h, no Auditório Coronel Pedro Henrique Cordeiro Júnior, localizado no Palacete Provincial, e conta com palestras, seminários e diálogos, com direito a atrações musicais.
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