A paixão pela gastronomia de Fabio Sicilia começou cedo, na infância, quando sua família se mudou para o Pará na década de 70. Ele ainda se lembra do aroma marcante do cupuaçu que tomava conta do bairro onde morava, um cheiro que marcou o início de sua paixão pela gastronomia. Aos 15 anos, com a perda inesperada do pai, assumiu o restaurante da família. Essa responsabilidade precoce, segundo ele, foi fundamental para sua formação: “Aprendi muito nessa fase, foi o que me deu uma base sólida e me motivou a buscar novos caminhos.” disse Fabio.
A busca por aperfeiçoamento levou o jovem chef a cruzar oceanos. Na França e na Itália, passou por cursos e estágios em restaurantes estrelados pelo Michelin, onde aprimorou suas técnicas e desenvolveu uma visão inovadora. Essa combinação de tradição e inovação se tornaria a marca registrada de sua carreira.
O nascimento da Gaudens Chocolate
Em 2004, uma visita a Medicilândia, no Pará, despertou a ideia que mudaria sua vida. A região, maior produtora de cacau do Brasil, não contava com produção local de chocolates, o que o surpreendeu. “Fiquei intrigado com essa ausência e decidi criar uma marca que valorizasse os ingredientes da Amazônia”, conta.
Assim nasceu a Gaudens Chocolate, um projeto ousado que enfrentou desafios, como a falta de tecnologia especializada no Brasil. Determinado, ele buscou conhecimentos técnicos na Itália e adquiriu maquinário na Índia. Em 2012, a marca foi reestruturada para produzir chocolates finos que capturam a essência da Amazônia, utilizando ingredientes regionais e técnicas de alta qualidade.
Chocolate amazônico: Uma homenagem à biodiversidade
Na Gaudens, os chocolates vão além do sabor eles contam histórias. Ingredientes nativos como cupuaçu, bacuri, açaí, tapioca e castanha-do-pará são incorporados às receitas, criando produtos únicos que refletem a riqueza da floresta. Um exemplo é a “Cripioca”, onde flocos de arroz são substituídos por farinha de tapioca, e a “Castella”, um creme de castanha-do-pará com cacau.
“A ideia é mostrar a biodiversidade da Amazônia em cada produto, promovendo sustentabilidade e valorizando a cultura local”, explica o chef.
Gastronomia amazônica no cenário global
A presença em eventos internacionais, como a COP30, é vista pelo chef como uma oportunidade crucial para destacar a gastronomia regional e sua ligação com a sustentabilidade. Ele menciona o projeto Amazon Candy, uma iniciativa da Gaudens Chocolate que capacita mulheres em situação de vulnerabilidade no Pará na produção de bombons artesanais. Com treinamentos em técnicas de confeitaria, marketing e planejamento financeiro, o projeto promove empoderamento feminino e transformação social.
“A COP30 e eventos similares oferecem uma plataforma para que as histórias da Amazônia sejam ouvidas. É uma chance de mostrar que é possível unir desenvolvimento econômico e conservação ambiental”, destaca.
O futuro promissor do chocolate amazônico
Para ele, o chocolate amazônico é mais do que um produto é um símbolo da riqueza natural da floresta. O cacau, originário da Amazônia, combinado a frutas nativas como cupuaçu e bacuri, cria sabores exclusivos que refletem a abundância e a singularidade da região.
No cenário global, o chef enxerga um futuro brilhante para a gastronomia amazônica. “A autenticidade dos sabores e o compromisso com práticas sustentáveis tornam a Amazônia um polo gastronômico em ascensão”, afirma. Ele acredita que, à medida que o mundo busca alimentos únicos e ambientalmente responsáveis, os ingredientes da floresta terão ainda mais destaque.
Com a paixão que o guia desde a infância, Fabio continua transformando sabores em histórias, levando a Amazônia para o mundo por meio da gastronomia.
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