Com o objetivo de melhorar a experiência turística por meio da valorização da gastronomia regional, um grupo de 22 mulheres que trabalham com o turismo de base comunitária da região do baixo Rio Negro, no interior do Amazonas, receberam uma capacitação em gastronomia, promovida pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), dentro de um projeto em parceria com a LVMH – Moët Hennessy Louis Vuitton SE. A atividade ocorreu entre os dias 19 e 22 de agosto na comunidade Tumbira, distante 69 quilômetros da capital amazonense, Manaus.
Durante quatro dias, as participantes receberam aulas teóricas sobre segurança dos alimentos e reconhecimento de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), além de aulas práticas sobre técnicas de preparo com ingredientes regionais, utilização de PANCs e preparação de cardápios diversificados que atendam clientes com restrições alimentares (como intolerância à lactose) e opções vegetarianas e veganas. Desse modo, o curso aliou práticas sustentáveis e a valorização da gastronomia regional.
Entre os pratos ensinados pela chef, estão opções de entradas, como o Harumaki caboquinho (uma re-leitura do x-caboquinho), Kibe de arroz com recheio de picadinho de PVT (Proteína Vegetal Texturizada); Arroz com Cariru; e Salada grelhada com PANC’s. As opções para pratos principais foram: lasanha de berinjela, almôndegas de PVT, moqueca de banana-da-terra; e lasanha de tambaqui. Para finalizar, foram ensinadas as sobremesas: palha amazônica (releitura do doce “palha italiana”), bolo de capim-santo; brigadeiro de banana; e compota de mamão.
As aulas foram conduzidas pela renomada chef Débora Valente, que atua como consultora e coordenadora do curso de gastronomia da Faculdade Santa Teresa. Débora, que coleciona prêmios e é reconhecida como embaixadora da gastronomia brasileira, defende a alimentação saudável e o movimento Slow Food, de valorização da conexão entre alimentação e a saúde das pessoas e do planeta. Segundo a chef, a gastronomia é um elemento importante para a cadeia do turismo.
“A gastronomia local, com destaque para pratos à base de pirarucu, por exemplo, representa um atrativo turístico de grande potencial. Ao valorizar a culinária tradicional e promover a pesca sustentável, a iniciativa fortalece a identidade cultural das comunidades ribeirinhas e gera novas oportunidades de renda para os moradores. O turismo de base comunitária, por sua vez, permite que os visitantes vivenciem experiências autênticas, como a pesca artesanal e a preparação de pratos típicos, contribuindo para a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico da região. Dessa forma, a gastronomia e o turismo se entrelaçam, promovendo a valorização da cultura local e a sustentabilidade dos recursos naturais”, explica a chef.
Durante a capacitação, as participantes receberam a visita da influenciadora digital e dançarina, Isabelle Nogueira, que foi a comunidade conhecer os projetos implementados pela FAS. Isabelle, que se destaca pela sua atuação na defesa da Amazônia e sua cultura, conversou com as alunas e acompanhou algumas das atividades desenvolvidas.
Qualificação
Uma das participantes da capacitação foi a empreendedora Adriana Brito de Mendonça, administradora de uma pousada no Lago do Acajatuba, no município de Iranduba. Ela, que já participa de outras iniciativas de empreendedorismo da FAS voltadas para o turismo, afirma que a experiência vai enriquecer os serviços já oferecidos em sua pousada.
“Os conhecimentos que adquiri vão contribuir não só para a minha trajetória pessoal, mas também para a comunidade, pois abriu um leque de opções da culinária local e regional, nos ensinando a aproveitar melhor os recursos amazônicos. Isso vai de encontro à experiência que queremos proporcionar aos turistas, que é uma experiência amazônica e ribeirinha”, destacou Adriana.
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