Mais de 25 mil filhotes de quelônios foram soltos na natureza, no domingo (25), por moradores da comunidade da Enseada, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã. A soltura é fruto de um trabalho de monitoramento e conservação das espécies, desenvolvido na Unidade de Conservação (UC), com apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), há 22 anos.
“Apoiamos desde a coleta até a soltura, trazendo insumos, gasolina, isopor, capacitação para os monitores, trazendo a ração para os filhotes e, também, fazendo a soltura, que é o evento que vem coroar todo o trabalho feito”, disse o gestor da UC, Cristiano Gonçalves.
A soltura dos filhotes é a etapa final de um longo trabalho de coleta dos ovos, que começa ainda em setembro do ano anterior e segue até o mês de dezembro. Durante esse período, moradores da comunidade da Enseada se dividiram em equipes para percorrer as praias que rodeiam todo o Lago do Jaraoacá, em busca das covas onde os quelônios realizam a desova.
O trabalho de busca e coleta é diário, com início ainda pela madrugada, até o final da manhã. Os ovos encontrados são transferidos para um espaço chamado de “chocadeira”, que imita o ambiente de praia onde foram originalmente depositados. Desta forma, os ovos ficam seguros, longe de predadores e do risco da caça ilegal, até a sua eclosão.
“Nessa comunidade, no ano passado, foram soltos aproximadamente 20 mil filhotes. Este ano nós conseguimos soltar mais de 25 mil. Mesmo com toda a dificuldade que tivemos na estiagem, a comunidade se envolveu e conseguiu ter êxito no projeto”, completou o gestor da RDS do Uatumã.
Após a eclosão dos ovos, os filhotes são levados para os “berçários”, espécies de tanques onde ficam sob os cuidados da comunidade até o endurecimento do casco. A etapa dura cerca de três meses. Só depois disso é que os filhotes são considerados aptos para retornar em segurança à natureza, estando menos vulneráveis aos desafios da vida selvagem.
Esforço comunitário
Todo o projeto é coordenado pela comunitária Iracy Cleide, empreendedora local no ramo do turismo de base comunitária. Ao todo, a atividade reúne 14 famílias da comunidade da Enseada. Para ela, o trabalho é árduo, mas colaborar com o aumento das populações de quelônios na RDS é gratificante.
“Eu me sinto tão feliz e tão honrada por esse trabalho, junto com os comunitários da nossa comunidade, com as pessoas guerreiras que nos ajudam e nos dão força e com a energia que a gente pede de Deus. Isso é muito gratificante”, ressaltou.
Leia também: https://www.investamazonia.com.br/levantamento-mostra-crescimento-no-consumo-dos-lares-brasileiros/