Dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) mostram que o consumo nos lares brasileiros, por meio de compras em supermercados, encerrou 2023 com aumento de 3,09% em comparação ao ano de 2022. O levantamento contempla todos os formatos e canais operados pelos supermercados e os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o vice-presidente da ABRAS, Marcio Milan, a queda na taxa de desemprego e o aporte de programas sociais são considerados fatores positivos para esse resultado. “A menor inflação dos preços dos alimentos para consumo no domicílio na comparação com o consumo fora do lar foi um fator essencial para o crescimento do consumo das famílias ao longo do ano puxado principalmente pela carne bovina, sinalizando uma recomposição de renda, do crescimento do emprego, da consolidação dos programas de transferência de renda e de outros recursos que movimentaram a economia ao longo do ano como o pagamento dos precatórios”, analisou.
Em Manaus, na Rede de Supermercados Super Nova, que possui 5 unidades, o crescimento anual foi de 0,81%, sendo o melhor resultado registrado entre novembro e dezembro, com alta de 21% nas vendas, divididas em 18% das vendas de proteína animal, 33% de mercearia e 24% de hortifruti.
De acordo com a co-fundadora da empresa, Elisama Brito, apesar desse tímido resultado, torce por um 2024 melhor. “Realmente, nós esperávamos um número maior de vendas em 2023, mas acreditamos que a instabilidade econômica, também influenciada pelas dificuldades causadas pela seca na região amazônica, refletiram, principalmente, no fim do ano. Sabemos que embora tenha ficado apertado pra muita gente, ficamos felizes em saber que o poder de compra aumentou através dos auxílios governamentais à uma parcela da população. Isso possibilitou que as pessoas frequentassem os supermercados um pouco mais. Ter a mesa cheia e com qualidade é o que desejamos a todos nossos queridos clientes”, disse.
O que movimentou o consumo nos lares?
Em 2023, foram destaques no cenário econômico no primeiro semestre o montante de cerca de R$ 85,4 bilhões em recursos dos programas de transferência de renda do governo federal: Bolsa Família (Primeira Infância, a partir de março) e o Benefício Variável Familiar (a partir de junho) e os Auxílios Gás pagos em fevereiro (R$ 112,00), abril (R$ 100,00) e junho (R$ 109,00).
Ainda movimentaram o consumo nos lares, os reajustes do salário-mínimo em janeiro (7,42%) e em maio (1,40%) para mais de 60 milhões de trabalhadores, os reajustes das bolsas da educação CAPES e CNPQ (R$ 2,4 bi), os reajustes dos servidores civis do Poder Executivo (R$ 11,2 bi), o resgate do PIS/Pasep (R$ 20,2 bi), o pagamento dos lotes residuais de Imposto de Renda 2022 (R$ 618 milhões), a ampliação da isenção do imposto de renda para R$ 2.640,00, os pagamentos do 1º e 2º lotes de Restituição do Imposto de Renda (R$ 15 bi), os pagamento de precatórios (R$ 31,1 bi), a antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS (R$ 62,6 bi).
No segundo semestre, contribuíram para o consumo no domicílio: o pagamento do 13º dos trabalhadores com carteira assinada, o pagamento dos lotes de restituições do Imposto de Renda 2023, os recursos dos programas de transferência de renda (Bolsa Família e Auxílio Gás), os pagamentos dos precatórios e das Requisições de Pequeno Valor para aposentados e pensionistas do INSS e do Piso Nacional da Enfermagem.
Previsões para 2024
Para 2024, a entidade estima crescimento de 2,5% no Consumo dos Lares. De acordo com os analistas da entidade, o pagamento do PIS/PASEP iniciado na última quinta-feira, 15/02, deve contribuir para o crescimento do consumo. Estão previstos o pagamento de R$ 28 bi de reais para 25 milhões de trabalhadores.
O vice-presidente da ABRAS, Marcio Milan, destaca ainda a recomposição da renda do trabalhador com o reajuste do salário-mínimo em percentual acima da inflação oficial registrada no ano como um dos fatores para incentivar o consumo.
“O cenário macroeconômico sinaliza para um crescimento gradual do consumo ao longo do ano acompanhando as sazonalidades, o comportamento das principais safras, os fatores climáticos como excesso de chuva, secas e ondas de calor e a demanda internacional de alimentos”, conclui Milan.
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