A Indústria 4.0 vai além da automação de máquinas, utilizando dados para otimizar processos e melhorar produtos. No entanto, poucas empresas no Polo Industrial de Manaus e no Brasil possuem um elevado nível de digitalização. Leonardo Leal, Líder de desenvolvimento da FPFtech (Fundação Desembargador Paulo Feitoza), compartilha sua visão sobre os desafios e oportunidades da Indústria 4.0 no Brasil, além do papel fundamental do instituto de ciência e tecnologia nesta nova era de transformação digital.
“No Brasil, as empresas ainda não estão totalmente inseridas na ideia de digitalização profunda, que é a Indústria 4.0. Não se trata apenas de automatizar uma máquina ou conectá-la a outro dispositivo, mas de utilizar os dados gerados por essa máquina e transformá-los em informação útil, o que é crucial para elevar a qualidade do produto e otimizar todo o processo, desde a entrada de material até a expedição e venda,” explica Leal.
Soluções tecnológicas como Internet das Coisas (IoT), Big Data/Analytics, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e Computação na Nuvem desempenham um papel crucial no roadmap da Indústria 4.0. Leonardo destaca que, a FPFtech, é responsável por diversos projetos que coletam dados de sensoriamento e telemetria da máquina, transformando-os em um gêmeo digital, aumentando a eficiência de produção da empresa. “No cenário ideal, as máquinas deveriam se comunicar automaticamente, ajustando processos sem intervenção humana,” disse. A aplicação dessas tecnologias permite uma integração e flexibilidade maiores, aumentando a produtividade e a qualidade dos produtos.
Para alcançar os níveis 5 e 6 de maturidade, que envolvem previsibilidade e adaptabilidade, é essencial implementar algoritmos de inteligência artificial e aprendizado de máquina. “Esses algoritmos ajudam a transformar dados em informações para tomadas de decisões inteligentes e automatizadas. Um exemplo prático é uma fábrica modelo na Alemanha que usa uma câmera e IA para ajustar automaticamente a posição de pulseiras em uma impressora 3D, atingindo assim o nível 6 de maturidade. No final das contas, a IA apoia o ser humano para tomar uma decisão,” explica Leal.
A transição para a Indústria 4.0 representa tanto desafios quanto oportunidades para as empresas. Entre os desafios, estão a necessidade de investimentos em infraestrutura tecnológica, a formação de mão de obra qualificada e a mudança cultural dentro das organizações. Muitas fábricas no Brasil ainda possuem setores de TI focados em suporte básico, e poucas investem em desenvolvimento de novas soluções. Além disso, a percepção equivocada de que a automação elimina empregos pode ser uma barreira significativa. Na realidade, a automação permite que os trabalhadores se tornem gerenciadores de processos, aumentando a eficiência e permitindo a produção de maior valor agregado.
Por outro lado, as oportunidades são vastas. A Indústria 4.0 pode promover uma maior competitividade no mercado global, através de uma produção mais eficiente e de melhor qualidade. A integração de tecnologias avançadas pode levar a um aumento significativo na produtividade e na customização de produtos, atendendo de forma mais precisa às necessidades dos clientes. As empresas que conseguirem superar os desafios da digitalização profunda estarão mais bem posicionadas para aproveitar as vantagens competitivas oferecidas pela Indústria 4.0.
A segurança e a latência são grandes desafios para a digitalização total das fábricas. Muitas fábricas hesitam em utilizar aplicações em nuvem devido à segurança das informações. “Tecnologias híbridas, que combinam servidores locais e em nuvem, são a solução atual. Informações críticas e de baixa latência deve ser geridas localmente para garantir a velocidade e a segurança necessárias,” afirma Leal. Analisando a maturidade de empresas em nossa região e no Brasil, o panorama nos mostra que, apesar de ser um processo alcançável, ainda enfrentamos grandes desafios culturais e organizacionais para avançar nesse sentido.
A Indústria 4.0 representa uma revolução tecnológica que transforma a produção das empresas, promovendo eficiência e competitividade. A adaptação a esse novo modelo requer a implementação de tecnologias avançadas e um compromisso com a digitalização profunda, essencial para o futuro da manufatura no Amazonas, no Brasil e no mundo.
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