Esses resultados sinalizam a possibilidade de produção de protetores solares com matéria-prima local, o que contribui para promoção da sustentabilidade e valorização do trabalho extrativista desenvolvido pelas comunidades tradicionais.
O estudo faz parte da dissertação de mestrado de Mércia Machado (PPG Saúde e Tecnologia – Ufma), com orientação do professor doutor Aramys Silva dos Reis e co-orientação do professor doutor Richard Pereira Dutra. Além disso, o trabalho possui a colaboração da professora doutor Rosane Nassar Meireles Guerra e de estudantes de graduação dos cursos de Medicina e Ciências Naturais da instituição.
A matéria-prima utilizada como objeto de estudo do trabalho foi adquirida com a Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu. A organização é formada por grupos produtivos comunitários e inclui trabalhadoras rurais que coletam e processam o fruto.
Uma vez obtida a farinha, foram preparados dois extratos para testagem, um deles à base de água e o outro hidroalcoólico (70% álcool, 30% água). “Primeiramente, medimos a atividade antioxidante dos extratos usando os testes DPPH e ABTS, um procedimento padrão para avaliar a capacidade da substância em neutralizar radicais livres. Os resultados revelaram que ambos os extratos possuíam uma alta atividade antioxidante, especialmente nas frações mais polares, o que indica o seu potencial em combater os danos causados por radicais livres na pele”, explica Aramys Silva, coordenador do LaFIT-Ufma.
Outro teste realizado teve o objetivo de determinar o Fator de Proteção Solar (FPS) dos extratos. Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma substância precisa ter o FPS igual ou maior que seis para que seja considerada fotoprotetora, e o experimento realizado comprova o potencial da farinha de babaçu no desenvolvimento de produtos.
“Utilizando o método de Mansur, o mais utilizado na cosmetologia, foi descoberto um FPS de 16,69 no extrato hidroalcoólico e de 14,83 no extrato aquoso. São valores muito promissores e sugerem que os extratos de babaçu podem oferecer uma proteção significativa contra a radiação solar”, diz o pesquisador.
Também foram realizados testes preliminares de citotoxicidade em células RAW (macrófagos do sistema imune e abundantes na pele) que são fundamentais para verificar a segurança de um produto para aplicação tópica, e os resultados são promissores. “Felizmente, o extrato hidroalcoólico não mostrou efeitos citotóxicos nas concentrações testadas, reforçando seu potencial como um ingrediente seguro em protetores solares. Lembrando que esses são testes in vitro, e mais procedimentos são necessários para comprovar definitivamente a não toxicidade da substância”, ressalta Aramys Silva.
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