Entre os dias 10 e 13 de outubro, comunidades quilombolas do Mumbuca e Prata receberam a primeira Expedição Quilombos-Jalapão, uma ação que une pesquisa científica e preservação dos saberes tradicionais locais. A iniciativa, promovida pela UFT, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt), tem como objetivo resgatar e valorizar o uso de plantas medicinais e contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades quilombolas.
Realizada por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Tocantins (UFT), a expedição integra o projeto “Etnofarmacologia, etnobotânica e fitoterapia em comunidades tradicionais do Tocantins”. O projeto é financiado pela Fapt, através do edital Fapt/SES, com um investimento de R$ 50 mil. Além de documentar os saberes tradicionais relacionados ao uso de plantas medicinais, a expedição também tem como meta a publicação de um livro em 2025, no qual pesquisadores, estudantes e as próprias comunidades serão coautores.
Segundo o coordenador do projeto, Raphael Pimenta, a produção do livro, com as anciãs das comunidades quilombolas, não apenas preservará esses saberes, mas também permitirá a comercialização da obra, gerando renda para as participantes.
O pesquisadores Amilcar Saporetti (IFSULDEMINAS), Priscila Souza (UFT) e Rodney Viana (UFT) são os botânicos responsáveis pela coleta, identificação e pesquisa na literatura sobre as plantas encontradas.
Entre as autoras do futuro livro está Noemi Ribeiro da Silva, matriarca do Quilombo Mumbuca e conhecida como a “Dotora” da comunidade por seus conhecimentos sobre plantas medicinais. Noemi ressalta a importância do projeto para as futuras gerações.
A expedição também contou com a participação de Mônica Silva Ribeiro, quilombola e estudante do 5º semestre de Biologia (EAD) da UFT. Mônica é bolsista do projeto e tem a missão de entrevistar os anciãos da comunidade Mumbuca, registrando seus conhecimentos sobre plantas medicinais. Ela compartilhou sua empolgação em participar da criação do livro: “A expectativa está a mil! Nunca imaginei participar de algo tão grande. Esse livro será de grande importância para a comunidade”.
Além de documentar o conhecimento tradicional, o projeto visa implementar processos sanitários e científicos para a produção de fitoterápicos, gerando novas fontes de renda para as comunidades quilombolas por meio da venda desses produtos. Durante a expedição, a equipe também realizou atendimentos médicos, fortalecendo a relação entre a ciência tradicional e a comunidade. Mais de 50 atendimentos foram realizados pelos médicos e estudantes de Medicina que participaram da ação.
A expedição reforça o compromisso da UFT em promover pesquisas que valorizem a biodiversidade do cerrado e preservem os saberes culturais das comunidades tradicionais do Tocantins, além de colaborar com o desenvolvimento sustentável e a geração de novas oportunidades para seus moradores.
Fapt
A Fapt atua, por meio de financiamento de projetos de pesquisas, para garantir o desenvolvimento e a continuidade de ações que impactam diretamente a população do Estado, como explica a diretora científica e de inovação da Fapt, Munique Oliveira. “Conhecimentos tradicionais quando conectados à ciência se completam! É muito satisfatório poder estar aqui e participar desse resultado, que ainda é parcial, e que muito tem ainda para nos mostrar. A proposta da Fapt é continuar apoiando projetos, pesquisas que vão para além daquilo que a gente conhece, que possa chegar até a sociedade e possa conectar, juntar o conhecimento tradicional com o técnico. Isso é ciência!”, concluiu a diretora de CT&I da Fundação.
Participantes
A expedição teve participação dos professores do Colegiado de Medicina: Raphael Sanzio Pimenta, Flávio Milagres, Juliana Fonseca Moreira da Silva; o médico Wagner Fonseca Moreira da Silva; o professor do IFSULDEMINAS, Amilcar Saporetti Junior, através do termo de cooperação entre as instituições; professores do Colegiado de Biologia da UFT em Porto Nacional: Priscila Souza e Rodney Viana; os estudantes de Medicina: José Rafael Farias das Chagas, João Guilherme da Silva Araújo, Rayssa Nascimento Filgueira e Gabriel Gonçalves Durão; estudante do PPG Ciências do Ambiente, Paulo Henrique Barros Macedo; o professor de Pedagogia na UFT, Adriano Castorino; a professora Renária; a pesquisadora do IFTO, Érika Luz; e mais voluntários de empresas privadas, totalizando 35 expedicionários.
Comunidades Quilombolas
Os quilombos do Mumbuca e Prata são comunidades tradicionais que preservam a cultura e os saberes populares relacionados ao uso medicinal das plantas. Os quilombos contam com aproximadamente 200 moradores em cada um. A preservação dessas comunidades e de seus conhecimentos ancestrais é fundamental para a valorização da cultura local e para o desenvolvimento de novas fontes de renda para seus habitantes, como a produção e venda de fitoterápicos.
Atendimento médico
Além das atividades de pesquisa e coleta de plantas medicinais, a expedição contou com ações paralelas, como o atendimento de saúde à população local, fortalecendo a relação entre ciência tradicional e comunidade. Vários médicos e estudantes de medicina, levaram alento e saúde para a população durante os dias da ação e mais de 50 atendimentos foram realizados.
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