Baseada em uma economia sustentável, focada no uso de recursos da biodiversidade, considerando conhecimentos tradicionais e aliada aos avanços tecnológicos, a bioeconomia tem como objetivo a valorização das práticas regenerativas da região amazônica de modo a assegurar a inclusão social, qualidade de vida e conservação da biodiversidade. Para a Olinda Canhoto, doutora em biotecnologia e pesquisadora em bioeconomia pelo Instituto Inspire Amazônia, instituição de pesquisas sem fins lucrativos, sedeado em Manaus, com foco em projetos ESG com tecnologia e inovação, “A bioeconomia, é a economia que valoriza a floresta em pé e o conhecimento dos povos tradicionais”, disse.
Além dos benefícios ambientais, a economia da floresta em pé oferece um enorme potencial econômico. De acordo com o estudo ‘Nova Economia da Amazônia’, desenvolvido pelo WRI Brasil, em parceria com 76 especialistas de instituições científicas de diversas regiões do país, o PIB atual da bioeconomia da Amazônia Legal pode chegar a R$ 12 bilhões por ano.
“A comercialização de produtos florestais não madeireiros, como óleos, extratos, frutas e fibras, pode gerar renda e empregos para as comunidades locais, promovendo o desenvolvimento econômico em regiões que dependem da floresta”, explicou a especialista.
De acordo com o levantamento da WRI Brasil, 13 produtos provenientes da biodiversidade amazônica, podem ser explorados de maneira sustentável, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região. São eles: Açaí fruto; Palmito; Cacau; Castanha; Cupuaçu; Babaçu coco; Babaçu óleo; Borracha; Buriti; Urucum; Andiroba.
Iniciativas dão suporte para negócios sustentáveis
As iniciativas de economia verde em execução na Amazônia já beneficiam milhares de famílias e as perspectivas de expansão são bastante promissoras. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outras instituições, mostram que ações voltadas à bioeconomia inclusiva são capazes de melhorar a vida de 750 mil famílias entre agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais que habitam a Amazônia brasileira.
“Esse pode ser o caminho para se reverter o grande paradoxo da região Amazônica, marcada pela riqueza e abundância de recursos naturais e pela extrema pobreza das populações e comunidades locais”, frisa o pesquisador Judson Valentim, responsável pelo Portfólio Amazônia, conjunto de projetos de pesquisa da Embrapa relacionados ao bioma.
A Cúpula da Amazônia e o Diálogos Amazônicos, eventos que debateram o futuro da Amazônia em Belém, no Pará, durante o ano de 2023, também apontaram a importância de explorar a bioeconomia para gerar emprego, preservar a floresta e garantir qualidade de vida para as pessoas que vivem na região.
Pensando nisso, uma das alternativas pensadas para impulsionar a bioeconomia na região foi o Selo Amazônia, visto que tem como objetivo ser inserido em produtos da cadeia produtiva, certificando que garantem a qualidade de vida dos povos da região e ajudam a preservar a floresta.
“Esse tipo de certificação é disponibilizado para produtos e serviços da bioeconomia e da bioindústria produzidos a partir de insumos da biodiversidade, de acordo com critérios de sustentabilidade econômica, social e ambiental”, explicou Valentim.
Além disso, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), investiu um total de R$ 5.475.245,66 em projetos da bioeconomia em 2023. Esse valor está distribuído entre os projetos: Tecnologia sustentável com resíduos de bioprodutos e resíduos plásticos da indústria; Petit Suisse; Biocarvão de caroço de açaí; Desenvolvimento de processo de beneficiamento; Plataforma de logística reversa; Produção de Embalagens Biodegradáveis de Fécula de mandioca.
Somente no ano de 2023, o Governo do Amazonas, por meio da FAPEAM, investiu mais de R$ 100 milhões, em 32 editais/chamadas, sendo 10 inéditos no Amazonas. Os editais ofertados contemplam às diversas áreas do conhecimento e estão alinhados ao Plano Plurianual do Amazonas (PPA 2020-2023), aos Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e à Agenda 2030.
Exclusivamente, na área de Bioeconomia, considerando o ano de 2023, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) investiu R$ 2.618.636,00 em 13 projetos, que contemplam o desenvolvimento de pesquisa, empreendedorismo de base tecnológica, bolsas para formação de recursos humanos e realização de evento de cunho científico e tecnológico realizado no Amazonas. Esses projetos abrangem as seguintes áreas: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências Sociais Aplicadas, Multidisciplinar, Engenharias, Ciências Exatas e da Terra, e foram submetidos por pesquisadores de diferentes instituições de ensino e pesquisa do estado e selecionados em editais da Fapeam.
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