A Austrália, uma das maiores exportadoras de carvão do mundo, entra em um novo capítulo político em meio às eleições gerais deste ano, com a transição energética se consolidando como o principal tema da campanha eleitoral. Diante da crescente pressão internacional e da intensificação dos efeitos climáticos no país, o debate sobre fontes renováveis, descarbonização da economia e futuro dos empregos no setor de energia está no centro das propostas dos principais partidos.
Nos últimos anos, a Austrália sofreu com ondas de calor recordes, secas severas e incêndios florestais devastadores. Esses eventos climáticos extremos impulsionaram a consciência ambiental da população e aumentaram a demanda por políticas mais agressivas na redução de emissões de gases de efeito estufa.
Divisões políticas sobre a transição energética
O Partido Trabalhista (Labor), que atualmente lidera as pesquisas, defende um aumento significativo nos investimentos em energia solar, eólica e armazenamento em baterias, com a meta de atingir 82% de energia renovável até 2030. O governo também pretende impulsionar a eletrificação do transporte e da indústria como parte de um plano de descarbonização mais amplo.
Por outro lado, a coalizão conservadora (Liberais e Nacionais) tenta equilibrar a pauta climática com a defesa de empregos nas regiões dependentes da mineração. Embora reconheçam a necessidade de uma transição, os conservadores propõem uma abordagem mais gradual, com investimentos em tecnologias como o hidrogênio azul e a captura e armazenamento de carbono (CCS).
Pressão de independentes e partidos verdes
Um fator decisivo nesta eleição é o avanço de candidatos independentes e do Partido Verde, especialmente em distritos urbanos e de classe média alta. Essas candidaturas vêm ganhando força com discursos focados na crise climática, transparência política e investimentos sustentáveis, e podem ter papel fundamental na formação de uma coalizão de governo.
“O eleitor australiano está mais consciente e exigente. A transição energética não é mais uma pauta de nicho, mas uma questão de segurança, economia e sobrevivência ambiental”, afirma Sophie Williams, analista política da Universidade de Sydney.
O futuro do carvão e do gás
A discussão sobre o futuro das exportações de carvão e gás natural — duas das maiores fontes de receita da Austrália — permanece delicada. Enquanto ambientalistas pressionam por uma agenda clara de encerramento gradual dessas atividades, líderes políticos enfrentam a resistência de estados produtores, como Queensland e Nova Gales do Sul, onde milhares de empregos dependem desses setores.
Mesmo assim, empresas privadas já estão se movimentando. Gigantes do setor energético anunciaram planos de transição para renováveis e investimentos bilionários em energia solar, eólica offshore e hidrogênio verde.
Eleição decisiva para o clima
A eleição australiana de 2025 é vista por muitos especialistas como uma das mais importantes para o futuro climático da região e do planeta. A escolha dos eleitores pode definir o ritmo e a ambição da transição energética do país nos próximos anos.
“É um momento de virada. O mundo está de olho na Austrália para ver se ela deixará de ser vilã climática para se tornar líder em energia limpa”, conclui Williams.
Leia também: Mais acesso promove 1ª feira de empregabilidade para pessoas com deficiência