A Floresta Amazônica, um dos ecossistemas mais preciosos do nosso planeta, enfrenta um cenário de alarmante destruição em 2023, agravado pela potência do fenômeno climático El Niño. Cientistas consultados pela Amazônia Real estão alertando para a iminência de um cenário ainda mais crítico de queimadas e devastação na região. Este fenômeno climático é capaz de causar mudanças drásticas na temperatura do Oceano Pacífico e comprometer o regime de chuvas na Amazônia, tornando-a mais vulnerável a incêndios.
O momento é particularmente preocupante devido ao aumento significativo nos focos de calor em 2023, que já ultrapassaram os números de 2022 em 772 ocorrências. Com 12.124 registros até o momento, a situação é crítica e exige ação imediata para conter a destruição.
A seca intensifica-se a partir de julho em grande parte da região Norte da Amazônia, marcando o início do “verão amazônico”. Até outubro, o volume de chuvas diminui drasticamente, resultando em um clima seco que, em anos como este, pode ser agravado pelo aquecimento do Oceano Pacífico, causando um ambiente propício para incêndios.
A situação é preocupante, pois esse estado tem sido um epicentro de atividades de desmatamento, que muitas vezes culminam em incêndios florestais.
No mês de junho, ocorreram 3.075 focos de calor, o maior número em 16 anos, desde 2007, de acordo com dados do satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este aumento de 20% em comparação ao ano anterior é um alerta para a possível implementação de estratégias evasivas por parte de alguns atores, a fim de evitar a fiscalização e ação de combate aos incêndios.
Apesar dos esforços dos especialistas, ainda não há uma explicação exata para o aumento das queimadas em meses fora do período tradicional de fogo, como abril e junho. No entanto, fica claro que o El Niño exerce uma pressão adicional sobre um ecossistema já vulnerável, exigindo ações urgentes para conter a destruição e preservar a riqueza incomparável da Amazônia. A reativação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) é uma dessas ações cruciais, e sua implementação eficaz é mais importante do que nunca.
De acordo com dados da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), o Amazonas lidera a área total de seca. Entre os meses de março e abril, o aumento da área afetada pelo fenômeno passou de 3,38 milhões de quilômetros quadrados para 3,68 milhões de km², o que equivale a 43% do território brasileiro.
Embora o efeito sobre os meses de março e abril tenha sido alto, o estado teve uma diminuição da área da seca de 53% para 41%. Desde sua entrada no Mapa do Monitor, em dezembro de 2022, essa é a menor área de seca no Amazonas.
Soluções para Combater Queimadas e Calor na Amazônia:
1. Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm):
- O relançamento do PPCDAm pelo governo Lula é uma ação importante na prevenção de desastres naturais na região. Esse plano foca na redução do desmatamento, o que é diretamente ligado às queimadas. Com metas ambiciosas, busca atingir o desmatamento zero até 2030, promovendo atividades produtivas sustentáveis, controle ambiental e ordenamento fundiário.
2. Educação Ambiental e Sensibilização Pública:
- Projetos escolares e programas de educação desempenham um papel vital na conscientização e engajamento da sociedade. Iniciativas que informem sobre as consequências das queimadas e do desmatamento, e promovam práticas sustentáveis, são essenciais.
3. Monitoramento da Qualidade do Ar:
- A criação de redes de monitoramento da qualidade do ar é fundamental para avaliar os impactos das queimadas na saúde pública. Com base em dados objetivos, medidas de proteção podem ser implementadas.
4. Manejo Sustentável:
- Incentivar práticas de manejo sustentável na Amazônia é crucial. Isso envolve a exploração de recursos naturais de forma responsável, respeitando os limites ecológicos.
5. Fiscalização e Governança Ambiental:
- É preciso fortalecer os órgãos de fiscalização e combater a sabotagem. Governos, tanto federal quanto estaduais, devem assumir a responsabilidade de proteger a floresta.
Mudanças climáticas
Uma análise do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgada nesta semana apontou que há regiões do Brasil onde a tendência de temperaturas máximas já está até 3°C acima do que era registrado na década de 1960. Regiões do Norte e Nordeste apresentam uma concentração elevada de áreas, com “significativo crescimento da tendência de temperatura máxima“.
Outra pesquisa, publicada em 2021, na revista Communications Earth & Environment (do grupo Nature), apontava que a crise do clima, somada ao desmatamento da Amazônia, poderia levar milhões de brasileiros ao estresse térmico, especialmente na Região Norte.
O Ministro da Justiça, Flávio Dino, tomou uma decisão crucial na última terça-feira (10) em resposta à crescente crise ambiental no Amazonas. Em meio a um estado de emergência ambiental devido ao alarmante aumento no número de queimadas, Dino autorizou a mobilização de agentes da Força Nacional para combater incêndios ilegais na região.
O Amazonas tem sido afetado severamente pelo fogo, com quase 7 mil focos de incêndio registrados apenas no mês de setembro. Em agosto, a contagem ultrapassou 2,5 mil focos de calor, tornando a capital Manaus uma cidade envolta em fumaça, com a qualidade do ar atingindo níveis críticos, classificando-a como uma das áreas com a pior qualidade do ar no mundo durante o dia.
Os agentes da Força Nacional serão destacados para municípios no sul do Amazonas, incluindo Humaitá, Apuí, Boca do Acre, Lábrea e Manicoré, que compõem o chamado ‘arco do fogo’, uma área com altos índices de queimadas. Entre essas cidades, Lábrea e Boca do Acre lideram a lista de municípios com o maior número de focos de calor na região amazônica em outubro, com 344 e 263 registros de queimadas, respectivamente.
De acordo com a determinação de Flávio Dino, os agentes da Força Nacional terão um mandato abrangente, atuando não apenas no combate a incêndios florestais e queimadas ilegais, mas também em atividades de defesa civil, preservação ambiental, manutenção da ordem pública e segurança das pessoas e do patrimônio. A operação se estenderá até o dia 30 de novembro de 2023.
Embora a portaria tenha autorizado o uso da Força Nacional, ela não especificou o número exato de agentes que serão enviados para as ações. Dino explicou que o contingente a ser disponibilizado seguirá o planejamento definido pela Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Essa mobilização da Força Nacional representa uma resposta urgente do governo para enfrentar a crise ambiental no Amazonas e tentar conter os impactos devastadores das queimadas na região.
Como se cuidar no calor
O Ministério da Saúde alerta que, com a alta temperatura, cuidados devem ser tomados para evitar problemas de saúde. Veja abaixo alguns deles:
- Hidratação: beber bastante água ao longo do dia para manter o corpo hidratado. Além disso, consumir alimentos ricos em água, como frutas e vegetais.
- Vestimenta adequada: Usar roupas leves, soltas e de cores claras, que ajudam a refletir a luz solar e a manter o corpo mais fresco.
- Proteção solar: aplicar protetor solar para proteger a pele dos raios solares. Usar chapéus e óculos de sol para proteger a cabeça e os olhos.
- Evitar atividades intensas: nos horários mais quentes do dia, evitar atividades físicas intensas. Optar por exercícios leves durante as partes mais frescas do dia.
- Ficar em ambientes frescos: permanecer em locais com ar-condicionado, ventiladores ou sombras sempre que possível. Evitar a exposição direta ao sol nas horas mais quentes.
- Alimentação leve: preferir refeições leves, como saladas, frutas, legumes e alimentos com alto teor de água. Evitar refeições pesadas e quentes, que podem aumentar o desconforto térmico.
- Ventilação: manter as janelas abertas para permitir a circulação de ar em sua casa. Usar ventiladores para ajudar a manter o ar em movimento.
- Acessórios refrescantes: usar lenços ou toalhas úmidas no pescoço ou pulso para ajudar a resfriar o corpo.