A equipe de Robótica da Escola SESI Dra. Emina Barbosa Mustafa, juntamente com a equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (Semed), percorreu o rio Negro por três horas em uma lancha para entregar o Kit Lego Education Spike Prime para a Escola Indígena Municipal Arú Waimî. A escola funciona na Comunidade Terra Preta, uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, a 80 quilômetros de Manaus.
Do ato de entrega participaram a gestora da Escola SESI, Ana Karina de Holanda, o gerente de tecnologia educacional da Semed, Austônio dos Santos, o cacique Clodoaldo Silva Aleixo e o diretor da Escola Indígena, Anderson Ribeiro. Na ocasião, o SESI desenvolveu uma oficina de capacitação para quatro alunos que serão multiplicadores de Robótica na escola.
A ação é uma parceria do SESI Amazonas e a empresa Ardagh, que desde o ano de 2023 vêm treinando professores de escolas da Rede Pública de Manaus, em parceria com a Semed. Trinta e dois professores de oito escolas já foram capacitados para o ensino de Robótica, graças à parceria.
Austônio dos Santos destaca que todas as escolas e professores que receberam formação vão atuar em robótica educacional com os alunos, desenvolvendo tecnicamente projetos de robótica e aplicando a robótica na educação como mais um recurso pedagógico para o desenvolvimento cognitivo, social e até mesmo já pensando na empregabilidade dos alunos, porque a robótica desenvolve muitas potencialidades nos alunos, muitas habilidades que o século 21 exige, como o trabalho em equipe e a resolução de problemas do cotidiano.
Os professores Vitor Gabriel de Souza e Ana Caroline da Silva conduziram a oficina para Fernanda Brazão, 14 anos, 9° ano, Max Guilherme Brandão, 11 anos, e Rodrigo Manoel Ambrósio, 11 anos, ambos do 6° ano°, e Caleb Paulino Aleixo, 14 anos, 8° ano. Fernanda classificou a programação como maravilhosa e prometeu repassar todo o seu aprendizado aos demais alunos. “Indígena também pode aprender”, disse a aluna, enquanto manuseava as peças do kit.
Os desafios da educação à beira do rio
Para chegar à Terra Preta, situada às margens do rio Negro, uma lancha movida a diesel leva em torno de 2h20, mas equipes levaram cerca de três horas de viagem na lancha “Arara”, que teve problemas mecânicos e precisou do apoio da Prefeitura de Manaus para continuar o trajeto.
O tempo de viagem de Manaus para a comunidade é um dos fatores que leva os professores, moradores em Manaus, a ocupar o alojamento criado especificamente para eles na vila indígena, diminuindo contratempos, tempo e os custos, explica Anderson. Segundo o diretor, os professores se revezam para passar um tempo em suas casas. A escola também conta com professores da própria comunidade, o torna a escola bilíngue, em português e nheengatu.
“Nosso calendário escolar é diferenciado, trabalhamos de janeiro a outubro, quando não temos estiagem, mas como este ano promete uma nova estiagem ainda mais severa, a escola irá trabalhar até 25 de setembro para cumprir a carga horária de 200 dias de ano letivo”, disse o diretor sobre a dificuldade que a área pedagógica e os alunos passam quando a estiagem chega.
De acordo com o diretor, todos sofrem com a estiagem, principalmente os alunos, pois muitos moram nos chamados “ramais” e precisam de transporte escolar para chegar até a escola, e esse transporte é lancha. Na seca, ficam impossibilitados de locomoção. “O transporte dos alunos começa às 6h da manhã, com duração de 30 minutos de viagem ida e volta, de segunda a sábado, para concluirmos a carga horária”, ressalta.
A escola indígena tem mais de 30 anos de existência e atua na área educacional com o Maternal 3, Educação Infantil, Fundamental 1, Fundamental 2, e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Possui seis salas de aula e atende 46 alunos