Brasil Alemanha hidrogênio verde
O desenvolvimento de tecnologias para produção de hidrogênio verde vai nortear o mais recente acordo bilateral entre Brasil e Alemanha, assinado nesta segunda-feira (13), durante o Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), em Belo Horizonte (MG). O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Federação Alemã de Associações de Pesquisa Industrial (AIF) vão selecionar até dez projetos envolvendo pequenas e médias empresas (PMEs), startups e organizações de pesquisa e tecnologia nos dois países. O montante total de financiamento, pela missão industrial, será de aproximadamente R$ 21 milhões.
A primeira fase da chamada bilateral será aberta em abril deste ano para empresas brasileiras e da rede de Institutos SENAI de Inovação. Os projetos selecionados passarão para a fase seguinte, a ser iniciada em julho de 2023, com prazo final em setembro de 2023. As propostas escolhidas terão duração de 12 a 36 meses e deverão começar já no início de 2024. A missão industrial será coordenada pelo Instituto SENAI de Inovação em Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), do SENAI de Pernambuco.
A missão aproximará centros de pesquisa e inovação dos dois países em torno do desafio da transição energética, a partir de projetos que estejam mais alinhados às características e necessidades brasileiras.
“Uma grande oportunidade para o Brasil dado que temos a matriz energética mais limpa do mundo e uma capacidade impressionante de produção de hidrogênio verde para consumo próprio e para distribuição mundial”, avalia o diretor de Inovação e Tecnologia do SENAI, Jefferson Gomes.
Os projetos serão executados no Brasil e na Alemanha. As aplicações se concentrarão em polos de desenvolvimento tecnológico no Brasil, como o TECH HUB do Porto de Suape (Pernambuco), o Parque SENAI CIMATEC (Bahia) e o Centro Verde de Hidrogênio em Balbina (Amazonas). O objetivo é conectar projetos de transição energética em andamento, para aceleração de rotas tecnológicas e conexão com empresas produtoras e offtakers (consumidores) de hidrogênio verde.
Na avaliação do CEO para Inovação da AIF, Jan-Frederik Kremer, a missão industrial será responsável por uma base perfeita para novas inovações, soluções e projetos bilaterais. “A missão fortalecerá ainda mais os laços e a amizade entre os ecossistemas de inovação do Brasil e da Alemanha, empresas e instituições. O que constituirá uma base perfeita para novas inovações, soluções e projetos bilaterais”, destaca Kremer.
O hidrogênio e a agenda de baixo carbono da indústria
A agenda climática é uma grande oportunidade para o Brasil. O país pode liderar o processo de descarbonização da economia mundial, aproveitando a disponibilidade de recursos naturais e fontes de energia limpa e investindo em novas tecnologias de grande potencial, como o hidrogênio verde, com potencial para se inserir de forma competitiva nesse mercado, tanto pela disponibilidade de recursos renováveis necessários para produção, como pelas possibilidades de uso interno e exportação.
Produzido a partir da eletricidade gerada por fontes de energia limpas e renováveis, o hidrogênio verde é considerado fundamental para o processo de descarbonização no setor industrial e para o cumprimento das metas do Acordo de Paris. Ao longo dos próximos anos, o objetivo é trocar o hidrogênio produzido a partir de fontes fósseis pelo hidrogênio verde, que não emite carbono.
Relação Brasil-Alemanha vai além do comércio de bens
Os benefícios econômicos de uma relação de longa data entre ambas as economias tornaram a Alemanha o quarto principal parceiro comercial brasileiro, e o Brasil, o principal parceiro alemão na América do Sul. Em 2022, o comércio bilateral de bens entre os países atingiu US$ 19,1 bilhões – o maior recorde desde 2014 – e em 2021 o comércio bilateral em serviços totalizou US$ 1,78 bilhões, enquanto os estoques de investimento estrangeiro representaram US$ 14,5 bilhões.
O relacionamento econômico entre o Brasil e a Alemanha ultrapassa a linha de comércio de bens. Além das operações de importações e exportações, a parceria rendeu frutos como os Institutos SENAI de Inovação (ISIs), que foram inspirados pela maior organização de pesquisa aplicada da Europa, a Sociedade Fraunhofer, da Alemanha, e hoje contam com apoio de especialistas alemães para ajudar a indústria a inovar e ser mais competitiva.