Com foco em ampliar o acesso ao crédito para inovação e fortalecer o desenvolvimento tecnológico da região, a Coordenadoria de Ciência e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) realizou, ontem (15), o encontro “Finep Amazonas: descubra como impulsionar o futuro do seu negócio no Polo!”. O evento ocorreu no auditório Arivaldo Silveira Fontes, no SENAI Departamento Regional, e reuniu representantes do setor industrial, instituições de ciência e tecnologia e gestores públicos.
A abertura foi conduzida pelo vice-presidente da FIEAM, Nelson Azevedo, que destacou a importância da iniciativa para aproximar os recursos de fomento da realidade local. “Eventos como este são fundamentais para mantermos o diálogo aberto sobre o futuro dos nossos negócios. O Polo Industrial de Manaus depende diretamente da inovação para manter sua competitividade”, afirmou.
Coordenado por Roberto Garcia, diretor adjunto da FIEAM, o encontro contou com a participação do gerente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Rodrigo de Lima, que explicou o funcionamento da agência e as novas oportunidades para as empresas da região Norte. “Pela primeira vez, estamos sendo criticados no Sudeste porque estamos direcionando recursos para o Norte. Isso mostra que estamos ganhando protagonismo, mas também aumenta nossa responsabilidade”, pontuou Rodrigo.
Crédito acessível e estratégico
Durante sua fala, o gerente da Finep explicou os principais instrumentos da instituição, que incluem crédito com juros abaixo da Selic, subvenções econômicas, recursos não reembolsáveis e investimentos em startups. A agência está alinhada à Nova Política de Industrialização do Governo Federal e, segundo Rodrigo, tem R$ 41 bilhões disponíveis para fomentar projetos em todo o país – com destaque para a Amazônia Legal.
“Hoje temos linhas de financiamento com taxas de até 3,9% ao ano, muito abaixo do que o mercado oferece. Empresas que não aproveitam essas oportunidades estão, na prática, perdendo dinheiro”, afirmou. A Finep opera com editais em fluxo contínuo, como o Finep Amazônia, que prioriza projetos realizados por empresas com sede e execução de atividades na região.
Rodrigo ressaltou ainda que quanto maior o risco tecnológico do projeto menor a taxa de juros aplicada, invertendo a lógica tradicional dos bancos. “A inovação exige ousadia, e estamos aqui para dividir esse risco com o setor produtivo”, completou.
Casos de sucesso no PIM
A programação também apresentou dois cases de sucesso de empresas que captaram recursos junto à FINEP: a Associação Polo Digital de Manaus e a Tutiplast, indústria de transformação plástica.
A Associação Polo Digital de Manaus está à frente da implantação do Distrito de Inovação da Ilha de São Vicente, projeto que prevê a revitalização urbana e a estruturação de um parque tecnológico a céu aberto no centro histórico da cidade. “Estamos construindo uma infraestrutura que vai transformar o ecossistema de inovação da região e posicionar Manaus como referência nacional em tecnologia”, explicou Vitor Almeida, diretor executivo da associação.
Já a Tutiplast destacou o impacto direto da FINEP na viabilização de três projetos voltados à bioeconomia e ao desenvolvimento regional. A empresa desenvolve biopolímeros que incorporam fibras vegetais da Amazônia, como o ouriço da castanha, e atua junto a comunidades agroextrativistas. “Estamos promovendo renda e sustentabilidade, conectando inovação industrial com desenvolvimento social”, afirmou Fábio Calderaro, gerente de novos negócios da empresa.
Chefe de operações na Tutiplast e conselheira do Serviço Social da Indústria (SESI Amazonas) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Amazonas), Mariana Barrella reforçou a importância da mobilização do setor industrial: “A gente precisa ter uma postura mais ativa para aproveitar esses recursos. Tem dinheiro na mesa para inovação que muitas vezes não é utilizado por desconhecimento ou falta de articulação”.
Compromisso com o futuro
Ao encerrar o evento, Roberto Garcia celebrou a evolução do diálogo entre as instituições e o setor produtivo. “Durante muito tempo víamos grandes anúncios, mas pouca efetividade na destinação de recursos para o Norte. Isso está mudando. Hoje mostramos que é possível acessar esses recursos, superar a burocracia e transformar ideias em resultados concretos”, afirmou.
A FIEAM reafirmou o compromisso de continuar promovendo eventos voltados à inovação e ao fortalecimento da indústria amazonense, mantendo o setor informado sobre novas oportunidades.
Como participar
As propostas podem ser submetidas diretamente pelo site da Finep (www.finep.gov.br) e há chamadas públicas abertas em fluxo contínuo. O tempo médio entre submissão e liberação do recurso é de aproximadamente 165 dias, segundo o gerente.
Para Lima, o crédito e os instrumentos da Finep são ferramentas essenciais para transformar ideias inovadoras em soluções reais, impulsionando a competitividade das empresas brasileiras e promovendo o desenvolvimento sustentável em todo o país.
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