Donald Trump tomou posse, nesta segunda-feira, como presidente dos Estados Unidos, um retorno ao poder que abalou os migrantes em situação irregular, ameaçados com as iminentes deportações em massa. Logo após ser empossado, Trump fez o primeiro discurso do seu segundo mandato e declarou emergência nacional nas fronteiras do sul do país.
O presidente abriu seu segundo discurso de posse proclamando que “colocaria a América em primeiro lugar”, ecoando um slogan de campanha favorito, e prometeu “reequilibrar” a balança da Justiça, uma referência às investigações criminais que ele comparou à perseguição política.
“Minha vida foi salva por um motivo. Fui salvo por Deus para tornar a América grande novamente”. disse Trump, referindo-se à tentativa de assassinato que ocorreu em um comício político na Pensilvânia no verão passado.
O republicano também afirmou que “a era de ouro de dos EUA começa hoje”. Desse dia em diante, o nosso país irá florescer e ser respeitado novamente em todo o mundo. Seremos a inveja de todas as nações e não vamos permitir que tirem vantagem de nós”. disse Trump.
No discurso, Trump se referiu a temas relacionados ao poder americano. Ele afirmou que a “soberania” do país será “reconquistada” e que a segurança será “restaurada”. Também disse que as “escalas da justiça” serão “reequilibradas”. A instrumentalização do nosso Ministério da Justiça, que aconteceu no governo anterior, vai ser encerrada”. Disse o presidente, sendo aplaudido por parte do público presente.
O 45º (2017-2021) e em breve 47º presidente dos Estados Unidos subiu os degraus da entrada principal da Casa Branca em uma manhã gelada, mas ensolarada de inverno, após comparecer a um culto na Igreja Episcopal de St. John com sua esposa Melania, que usava um chapéu escuro com uma faixa branca.
A vice-presidente, Kamala Harris, recebeu pouco antes seu sucessor no cargo J.D. Vance e sua esposa.
Ao meio-dia, horário de Washington (14h00 em Brasília), o 47º presidente da maior potência do mundo iniciará seu segundo mandato, sucedendo o democrata octogenário, a cerimônia não será realizada nas escadas externas do Capitólio, como manda a tradição, mas sim dentro do prédio devido ao frio, como fez Ronald Reagan em 1985.
Com uma das mãos sobre uma Bíblia herdada de sua mãe, ele jurará “proteger a Constituição” sob a cúpula do Capitólio, o mesmo lugar onde, em 6 de janeiro de 2021, seus apoiadores tentaram impedir o Congresso de certificar a vitória de Biden.
O dispositivo de segurança é excepcional depois de duas tentativas de assassinato contra o republicano durante a campanha, aos 78 anos, ele também se tornará o mais velho chefe de Estado americano a tomar posse.
Três dos homens mais ricos do mundo, os magnatas da tecnologia Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, estarão presentes na posse. Também estarão os ex-presidentes Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama.
Após seu discurso de posse, o novo presidente irá para a Capital One Arena, em Washington, onde seus apoiadores começaram a chegar no início da manhã. “Jesus é meu salvador e Donald Trump é meu presidente. E ver como esse homem mudou, não apenas o país, mas o mundo, é muito revelador”, disse uma de suas apoiadoras, Rachel Peters, de 28 anos, à AFP.
Biden, que está encerrando meio século de vida política, orquestrou uma transição civilizada com um homem que negou isso a ele. Furioso por uma derrota que nunca reconheceu, Trump se recusou a comparecer à posse do democrata em 2020.
Indultos preventivos
No entanto, horas antes, Biden concedeu indultos preventivos a congressistas e funcionários para protegê-los de “processos judiciais injustificados e politicamente motivados”. Ele alegou “circunstâncias excepcionais”.
Trump chega pronto para anunciar uma série de decretos presidenciais para fechar “a cortina de quatro longos anos de declínio americano”, segundo ele, e abrir caminho para o que ele chama de “idade de ouro”. Sua principal prioridade é “impedir a invasão de fronteiras” por migrantes, aumentar a produção de petróleo e bloquear “ideologias” de esquerda.
“Nós pararemos a imigração ilegal de uma vez por todas. Não nos invadirão. Não nos ocuparão. Não nos infestarão. Não nos conquistarão”, prometeu no domingo.
Segundo a imprensa americana, Trump declarará estado de emergência na fronteira com o México, designará os cartéis de drogas como organizações terroristas estrangeiras e restabelecerá o programa “Fique no México”, para que os migrantes possam aguardar o resultado do processo migratório do outro lado da fronteira.
Trump promete abalar a ordem mundial mais uma vez, com tarifas drásticas, inclusive sobre o Canadá e o México, e ameaças territoriais à Groenlândia e ao Panamá.
Sua vitória deu asas à direita radical em todo o mundo. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e os presidentes argentino, Javier Milei, e equatoriano, Daniel Noboa, participarão da posse, embora líderes estrangeiros normalmente não sejam convidados.
Também estarão presentes o vice-presidente chinês, Han Zheng, e o líder da oposição venezuelana Edmundo González Urrutia, a quem Trump considera o “presidente eleito” do país caribenho.
A primeira eleição de Trump chocou o país e o mundo, mas sua segunda eleição os deixa resignados. Não há vestígios das manifestações em massa de oito anos atrás. A maioria dos países se esforça para manter as aparências diante de um presidente americano que fala abertamente sobre anexar o Canadá.
Para seu segundo mandato, Trump tem assessores escolhidos com base em sua lealdade e uma estreita maioria no Congresso. Além disso, a Suprema Corte está ancorada à direita. No entanto, Donald Trump também começa sua saída de cena nesta segunda-feira. Ele deve se resignar a nunca mais ser candidato, a menos que haja um golpe contra o limite constitucional de dois mandatos.
Leia também: Lula aprova regulamentação da reforma tributária