O seminário de encerramento do projeto “Treinamento em REDD+: Comunidades Tradicionais e Indígenas na Amazônia” foi realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na sede da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), em Manaus. Representantes de povos e comunidades tradicionais da região amazônica participaram de uma programação intensiva de formação sobre o mecanismo de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), abordando desde o conceito e aplicação até os desafios e benefícios socioambientais dessa abordagem de combate ao aquecimento global.
Pedrina Brito foi uma das participantes do seminário. Segundo ela, que é vice-presidente da Associação-Mãe da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro (AM), poder estar no evento “e representar as comunidades é muito importante, porque nós temos muito a ganhar com a nossa Amazônia e com a nossa floresta em pé”. A representante comunitária afirma: “temos que estar atentos ao que está acontecendo na nossa Amazônia, então fazer parte desse projeto para nós é muito importante, pois tem pessoas lá fora que podem estar sendo beneficiadas com a nossa Amazônia, e nós, que moramos realmente dentro da Amazônia, nas comunidades ribeirinhas, temos que ter esse conhecimento”.
As comunidades puderam trocar experiências e conhecimentos, aprender sobre o funcionamento do mercado de carbono, discutir práticas de manejo sustentável e compartilhar as necessidades específicas de cada grupo em relação à conservação ambiental. O evento também serviu como um espaço de fortalecimento da rede de colaboração entre as comunidades e as organizações que atuam na defesa do meio ambiente.
REDD+, Amazônia e povos tradicionais
O seminário marca a etapa final do curso “REDD+, Amazônia e povos tradicionais”. A iniciativa, promovida pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) com o financiamento da Mitsubishi Corporation Foundation for the Americas (MCFA), foi realizada com o objetivo de capacitar líderes e membros de comunidades indígenas e tradicionais da Amazônia nos princípios e práticas de implementação de conservação florestal, utilizando os recursos do mecanismo REDD+ como ferramenta para a proteção da biodiversidade e do clima.
O curso, promovido de forma gratuita, oferece cerca de 2 horas em aulas online sobre a temática, além de materiais didáticos complementares e três seminários virtuais, transmitidos no canal da Fundação Amazônia Sustentável no YouTube. Mil e quinhentas pessoas foram inscritas e participaram da capacitação. Dentre elas, 15 representantes de povos indígenas e comunidades ribeirinhas da Amazônia foram escolhidos para integrar o seminário presencial do projeto, realizado nesse mês de novembro.
Reivindicações e ideias para futuros projetos de REDD+
Durante o seminário, os participantes discutiram os desafios e as oportunidades que o REDD+ oferece para o desenvolvimento sustentável das comunidades amazônicas. Entre os temas abordados estavam a governança ambiental, o fortalecimento da gestão territorial, a participação social nos processos de negociação de créditos de carbono, além dos impactos do desmatamento e da degradação florestal para as culturas e modos de vida dessas populações.
Valcléia Lima Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS, destacou a importância do projeto para promover o protagonismo das comunidades tradicionais e indígenas na conservação da Amazônia. “O diferencial desse seminário é que ele traz um público, que é um público das comunidades, que não estão acostumados a lidar com essa temática. A gente compreende que esse tema de REDD+ é um tema muito mais técnico, mas é importante que as comunidades se apropriem dessa comunicação para que em um debate elas possam ter essa clareza, reivindicar aquilo que elas acham importante pros seus territórios”.
Mapa de Ação para projetos de REDD+
No segundo dia de seminário, as pessoas participantes se engajaram na criação de um Mapa de Ação, utilizando a metodologia de cartografia social. Em grupos, foram identificadas ações necessárias para implementar o REDD+ em seus territórios, considerando recursos disponíveis, desafios e potenciais parceiros. Cada grupo desenvolveu um mapa visual que representou suas propostas e reflexões, apresentada em uma plenária final, promovendo a troca de experiências e colaboração.
Será elaborada uma ata com o registro das discussões e dos principais pontos abordados. O documento final do evento será compartilhado com todas as pessoas participantes e organizações indígenas, de populações tradicionais e Secretarias de Estado de Meio Ambiente para avaliação e consideração em planos futuros voltados à defesa dos direitos e conservação ambiental na Amazônia.
FAS e MCFA
“A gente tem um papel muito importante como instituição de compartilhar esse conhecimento. E só podemos fazer isso quando encontramos um parceiro que também apoie a ideia, apoie a ação. E aqui nesse caso do seminário, e do projeto, a gente tem a Mitsubishi (Corporation Foundation for the Americas), que é muito relevante para as comunidades”, complementa a superintendente Valcléia Lima Solidade.
Saori Matsubara, coordenadora Regional da América Latina da Mitsubishi Corporation Foundation for the Americas (MCFA), ressaltou que o apoio ao projeto reflete o compromisso da organização com a sustentabilidade e a proteção da biodiversidade. “A MCFA tem muito orgulho de apoiar esse projeto de educação de REDD+ para povos indígenas e comunidades tradicionais. Nós temos uma longa história de apoio à conservação nas Américas, trabalhamos com muitos parceiros para ajudar a conservar a Bacia Amazônica, apoiar pescarias sustentáveis, proteger a biodiversidade e capacitar a próxima geração de líderes ambientais”, afirmou.
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