Terras indígenas. Cerca de 13% do território brasileiro e’ reservado aos indígenas, mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, para um número estimado de 800.000 indígenas, ou 0,4% da população, segundo o Portal Terra.
Como equilibrar a cultura indígena, seu isolamento total ou parcial, riquezas minerais, remédios e terapias naturais em benefício dos próprios índios e do Brasil?
Aqui a grande pressão vem de fora, muitas vezes de países que lá atrás (para ficar apenas na Europa) espoliaram países africanos paupérrimos, usando mão de obra escrava, crianças e mulheres, com desmatamento, mineração irresponsável, e por aí vai. Pode soar ingênuo, mas é razoável que estes países tenham uma atitude penitencial e saudável com o meio ambiente e culturas fora de seu território.
Nos EUA muitas tribos sobrevivem da exploração de cassinos. Nada disto precisa acontecer aqui. Precisamos aprender com a História, bons e maus exemplos. Índios, agricultores e ambientalistas defenderam no Senado (20/02/20) pagamento por serviços ambientais, em debates sobre o Projeto de lei 5028/2019.
O Irã e EUA negociam favores comerciais e financeiros para que o Irã desista de construir bombas atômicas, uma ameaça ao Planeta. Chantagens e ameaças de lado a lado. A Alemanha compensou o povo judeu e Israel pelas barbaridades do holocausto. Porque não remunerar o Brasil, que seja a longo prazo, pela NÃO-exploração ou limitação de intervenções em terras indígenas? A ONU declarou a região de Guaraqueçaba, no Paraná, como “Reserva da Biosfera Mundial”. Bomba atômica e holocausto (coisas do mal) merecem “trade off” financeiro; preservação ou intervenção controlada em Parques e terras indígenas (coisas do bem), não? Investidores qualificados, como universidades e fundos soberanos são parceiros naturais nesta mesa de discussão.
Quando comecei 20 anos atrás a estudar esses temas em Harvard, muita gente dizia: “não perca seu tempo, big business e big money jamais se interessarão por meio-ambiente, isto é coisa de acadêmicos e abraçadores de árvores”… Os governos seriam a única solução. Este comportamento já foi endêmico no Brasil, mas o mundo mudou e continuará evoluindo a passos largos. Orçamentos, valores éticos e acionistas são outros, e não podemos perder a crise e “timing” do covid-19.
No passado recente, conversas com investidores profissionais sempre traziam a barreira: “me traga um plano de negócios, modelo de receitas e lucros para 5 anos, tamanho do mercado, concorrência, barreiras de entrada etc. e aí pode ser.”
Hoje o que ouço de grandes empresários e executivos e’ algo diametralmente oposto: “Todo mundo quer, precisa e fala da necessidade imperiosa de preservação florestal, biodiversidade, então vou investir, pois isto me cheira a Microsoft, Apple, Google, Instagram, Uber, etc, onde nos estágios iniciais ninguém tinha ideia dos fundamentos do ‘business’, mas existia uma intuição educada de que poderia ser algo sensacional e muito grande…”. O mercado americano investiu bilhões neste cenário, com prejuízos importantes por anos, mas hoje tem empresas trilionárias em dólares.
Steve Jobs, criador da Apple, ensinou que “mais importante que prever o futuro, e’ construir o futuro.” Já Bob Dylan: “Você não precisa de um meteorologista para saber para onde sopram os ventos…”.
Bill Gates, através de sua fundação, vacina mais pessoas pelo mundo do que a Organização Mundial de Saúde.
Jeff Bezos, criador da Amazon e o homem mais rico do mundo destinou US$ 10 bilhões para estudos sobre mudanças climáticas, dizendo que “este tema é a maior ameaça para o nosso planeta.”
Golda Meir, uma das maiores estadistas da história, dizia que “a arma secreta de Israel (país teoricamente inviável) e’ a falta de opção.” Henry Kissinger concordou: “E’ impressionante como a falta de opções traz lucidez as pessoas.”
Necessidades óbvias, crônicas e imediatas de saúde, renda mínima para desempregados e saneamento dominarão o orçamento público brasileiro durante um bom tempo. Governadores estão se unindo para articular temas de interesse comum, querem até vender créditos de carbono no mercado internacional! Trabalhemos para organizar um mercado de carbono robusto. Grandes empresários pedem um “Plano Marshall” para o Brasil, ou seja medidas inovadoras e corajosas na economia.
A hora é agora.
Enfim, não são alguns países e populações apenas que estão doentes. O planeta Terra é um paciente sério e de risco. Exige cuidados urgentes, imediatos e também preventivos para o futuro.
Não existe um Planeta B e muito dinheiro estará a disposição do Brasil, para sua recuperação, tão verde quanto possível, se fizer o dever de casa de maneira profissional, serena e objetiva, negociando e preservando naturalmente (com o perdão do trocadilho) sua autoridade e responsabilidade com a população brasileira e o planeta.
Na etapa final desta temporada em Harvard para estudar “mudanças climáticas”, debatemos na Faculdade de Teologia (Harvard Divinity School) porque, quando e como a humanidade enfrentaria para valer estes problemas e investiria, sabendo que todo mundo que lá estava não se beneficiaria pessoalmente dos resultados, pois as ações somente apresentariam resultados em décadas. Conclusões: (a) quando os ricos fossem impactados negativamente e (b) quando as pessoas realizassem que a única válvula para felicidade e paz de espírito seria a renuncia a práticas danosas ao Planeta em benefício de futuras gerações.
“Barry Gardiner, parlamentar ingles, disse ha’ poucos dias na COP 16 da Biodiversidade que ‘Nos usamos a natureza porque ela e’ valiosa. E abusamos da natureza porque e’ gratis”.
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