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Muito mais do que logomarcas estampadas em bonés, camisetas e robôs, a parceria entre empresas e equipes de robótica significa aproximar estudantes do mundo do trabalho.
Da indústria farmacêutica à automobilística, diversos setores apostam suas fichas no mundo da robótica por enxergar nessas equipes o potencial de futuros talentos. É que os competidores de FIRST Tech Challenge (FTC) e FIRST Robotics Competition (FRC) trabalham como “gente grande” e fazem a gestão da equipe por funções, como em uma empresa de verdade.
Luiza Camargo, de 16 anos, faz parte da equipe Octopus, de São Paulo. A jovem, responsável pela área de marketing, fala que o grupo é dividido por funções ligadas direta ou indiretamente à produção do robô.
“A FIRST desperta nas pessoas o desejo de ser líder e inspirar. Estar em uma equipe de FRC e participar desse processo que ocorre por trás é mais gostoso, às vezes, do que estar na competição em si. A FIRST não se limita apenas à competição; você cresce junto com os valores, vai amadurecendo e criando responsabilidades. Nos comportamos como ‘miniadultos’, mas nos divertimos e ainda despertamos em outras pessoas a paixão por querer ser a mudança no mundo”.
E como conseguir um patrocínio?
Até ter uma logo estampada, muita coisa acontece. A área de marketing das equipes entra em contato com as empresas e tentam vender seus projetos e ideias. Foi assim que a Infinity, equipe de FRC do Goiás, conseguiu patrocínio da John Deere e da Coca Cola.
“Na prática, o patrocínio permite que a gente realize tudo. Todas as ações que fazemos durante a temporada só são possíveis por conta dos patrocínios. Como retorno, nós tentamos dar visibilidade para a marca”, destaca Sofia Lara, de 14 anos.
Para o estudante Igor Cruz, de 17 anos, essa troca entre escola e empresa ensina muito sobre liderança. “É muito importante esse contato que temos com os nossos patrocinadores. Aprendemos a lidar com pessoas grandes e isso lança um sentimento de liderança e autonomia”.
Já a equipe Octopus, de São Paulo, aposta nas reuniões presenciais para atrair patrocínios. E, olha, tem dado certo: a equipe já tem quase 30 patrocinadores. Dentre eles, estão nomes de grandes marcas, como Unimed, Makita, Plasútil e Zopone, além do próprio SESI e do SENAI.
A integrante Luiza explica que o grupo prepara um documento com as principais informações da equipe, história e premiações. Além de disponibilizar um plano de patrocínio, que é a estimativa de investimento envolvido na parceria. Como resultado, ela fala que os patrocinadores dão à equipe o poder de transformação, seja por meio do fornecimento de uma peça de robô ou a experiência de participar de uma reunião, em que vão desenvolver habilidades de comunicação.
“Os nossos patrocinadores, hoje, têm a função não só de dar um apoio financeiro, como também de investir na geração futura. É muito legal saber que eles estão investindo na gente não só pelo nome estampado nas camisetas, mas porque acreditam no nosso potencial e na missão de que vamos transformar a ciência e a tecnologia do Brasil”, declara.
Grandes empresas têm um processo para patrocinar as equipes
Do lado dos patrocinadores o processo é um pouco diferente. Silvio Fallaci, líder de vendas e novos negócios e oportunidades da Rockwell, explica que a empresa tem um sistema para cadastrar equipes de robótica e selecioná-las para disponibilizar verba e mentorias. No Brasil, duas equipes são patrocinadas pela empresa: a Megazord e a Robonáticos, ambas de São Paulo. Nos Estados Unidos, o número é bem maior: em média 20 equipes são patrocinadas.
“Nós cadastramos a equipe nessa plataforma e quando ela for aprovada já recebe automaticamente uma verba dos Estados Unidos como apoio. Existem algumas regras, mas é um processo relativamente simples”, destaca.
No torneio mundial de Houston, no ano passado, a John Deere comemorou 10 anos de apoio à robótica. Em entrevista à Agência de Notícias da Indústria, Pratick O. Barnes, Global CSR Education & Equity Lead da companhia, contou como eles chegaram a mais de 1.300 equipes de oito países.
Já a Dow disponibiliza o grant (bolsa) no próprio site deles. As equipes podem conseguir até 100% do valor da verba, que varia de acordo com alguns critérios. Na atual temporada, 146 times do mundo todo foram contemplados. Ah! Tem um grant especial destinado aos alunos do SESI, de equipes de FLL e FTC.
Escola e indústria aprendendo juntas
Muito além de logomarcas e verbas, a aproximação entre escola e empresas resulta no mundo do trabalho cada vez mais real dentro da sala de aula.
Na Rockwell, por exemplo, os mentores que auxiliam as equipes são engenheiros. Em sua grande maioria, profissionais com conhecimento em automação e robótica. “Nós temos laboratórios grandes que eles podem vir testar. Existe sim uma troca de conhecimento além da verba. Tem tanto essa troca nas mentorias, quanto na disponibilidade dos jovens usarem o nosso espaço”, destaca Fallaci.
Fábio Mendes, gerente global de cidadania corporativa da Dow, explica que a estratégia estabelecida com a FIRST é apoiar diretamente as equipes que estão em comunidades próximas à empresa. “A Dow e a FIRST já estão juntas há nove anos com a missão de formar e inspirar novos profissionais a seguir carreiras de engenharia, robótica e outras correlatas”, ressalta.